terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Dia 79 – Eu não vou...

Capítulo 10 – As águas claras: O sustento da vida criativa

Contos: La Llorona, A Menininha dos Fósforos e Os três Cabelos de Ouro
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O rio em chamas

“Complexos psicológicos negativos se erguem e questionam seu valor, sua intenção, sua sinceridade e seu talento. Eles também lhe enviam mensagens no sentido de afirmar inequivocamente que você deve trabalhar para "ganhar a vida", fazendo coisas que a deixam exausta, que não lhe permitem nenhum tempo para criar, que destroem sua vontade de imaginar. Alguns dos castigos e das sabotagens preferidos dos complexos malévolos perpetrados contra a criatividade das mulheres giram em torno da promessa feita ao self da alma de que terá "tempo para criar" em algum ponto no futuro remoto.”

Nossa, e como os nossos complexos psicológicos negativos nos torturam não é? Percebo agora que há anos eu tenho acreditado em suas mensagens. Não é uma loucura que eu não permita que ninguém ao meu redor julgue os meus sonhos, mas permito que o complexo negativo dentro da minha psique o faça?

No final desse ano eu comecei a estudar um pouco mais sobre a PNL (Programação Neuro Lingüística) que estuda os resultados na nossa vida prática de mudanças no padrão dos nossos pensamentos. A lógica é simples: pensamentos geram sentimentos, sentimentos geram comportamentos, comportamentos geram ações, ações geram resultados. A maior parte das pessoas empaca exatamente na fase dos pensamentos. Se escutarmos os complexos negativos de nossa psique vamos gerar sentimentos ruins de impotência e falta de capacidade, que vão nos fazer auto-boicotar nossas ações e gerar resultados que não queremos.

A primeira vez que escutei sobre isso pensei ‘Nossa, mas é óbvio! É só mentalizar nas coisas que quero parar de fazer!’. Mas de nada adiantou... Porque?

Um dos exercícios mais básicos da PNL nos mostra qual o grande problema das frases negativas: nos sempre fazemos o que nos dizem para não fazer. Exemplo:

Não pense num urso polar!!!

Automaticamente pensamos num urso polar. Nosso cérebro não entende o não no começo da frase, então fazemos exatamente o contrário do que falamos. Por muito tempo eu tentei variadas técnicas de mudança de pensamento e todas deram errado. Eu ficava repetindo mentalmente: ‘não vou focar nos problemas’, e focava cada vez mais nos problemas, ‘eu não vou ficar triste’, e automaticamente eu me lembrava de porque estava triste e ficava triste de novo.

Então eu comecei a entender que eu deveria formular essas ordens mentais de uma forma diferente: transformá-las em frases positivas de afirmação. Vou contar para vocês como estou destruindo algumas mensagens do meu complexo negativo:

Enquanto você não tiver um diploma ninguém vai te dar valor (complexo negativo)
Eu não vou acreditar que meu valor se reduz a um diploma (foco no diploma)
Meu aprendizado é o que tem mais valor (foco no aprendizado)

Você nunca vai ganhar dinheiro porque seu currículo é todo retalhado (complexo negativo)
Eu não vou subestimar o meu currículo (foco no currículo)
Meu currículo conta a minha história e eu tenho orgulho dela! (foco na minha história)

Primeiro compre o seu apartamento, depois faça o que gosta (complexo negativo)
Eu não considero a compra de um apartamento uma meta (foco na compra do imóvel)
Minha meta são as experiências de vida (foco nas experiências de vida)

Você é irresponsável (complexo negativo)
Eu não sou responsável com o que não faz sentido para mim (foco em não ser responsável)
Eu sou responsável com o que acredito (foco em ser responsável)

Você não é uma pessoa criativa (complexo negativo)
Eu só não sou criativa com a artes (foco em não ser criativa)
Eu sou criativa na resolução de problemas (foco em ser criativa)

Pare de sonhar e comece a juntar dinheiro (complexo negativo)
Eu não vou focar no dinheiro (foco no dinheiro)
Dinheiro para mim é conseqüência de um trabalho bem feito (foco no trabalho)

Embora ainda não esteja vendo resultados concretos (porque afinal eles não caem do céu apenas com a boa vontade) já estou sentindo um grande alívio emocional. Ainda não consegui modificar 100% dos meus comportamentos e ações, mas já estou sentindo uma paz crescer dentro de mim na medida em que os complexos negativos perdem a sua força.

“Pode acontecer que as vozes sussurrem, "Só se você terminar o doutorado, sua obra será decente. Só se você for elogiada pela rainha; só se você receber o prêmio tal, só se sua obra sair na revista tal, só se, só se, só se." Essa atitude de condicionar o impulso criativo equivale a entupir a alma com alimentos que não nutrem. Uma coisa é receber qualquer tipo de comida, outra bem diferente é ser realmente nutrida. Com enorme freqüência, a lógica do complexo é extremamente falha, muito embora ele tente convencê-la do contrário.”

“No processo de criação envenenado ou paralisado, a mulher oferece ao belo self da alma "comida de mentirinha". Ela tenta ignorar a condição do espírito. Assim, ela consegue freqüentar um "seminariozinho" aqui, um "cursinho" ali, arranja um "tempinho" para ler mais adiante. Mas, no final das contas, falta a substância. A mulher não está enganando ninguém a não ser a si mesma.”


Lição do Dia: destruição em massa dos complexos negativos

Pendências: separando o meu foco de verdade do foco dos meus complexos negativos.

Leia os três contos: La Llorona, A Menininha dos Fósforos e Os três Cabelos de Ouro: http://querocorrercomoslobos.blogspot.com/p/os-tres-contos-la-llorona-menininha-dos.html

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segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Dia 78 – E a idéia empaca

Capítulo 10 – As águas claras: O sustento da vida criativa

Contos: La Llorona, A Menininha dos Fósforos e Os três Cabelos de Ouro
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O veneno no rio

Clarissa nos conta que qualquer tipo de criação envolve cinco etapas básicas: a inspiração, a concentração, a organização, a implementação e a manutenção. Uma mulher que esteja enfrentando muitas dificuldades em sua vida criativa provavelmente está bloqueada nesse processo. Algumas têm várias etapas desse processo com problemas, mas a grande maioria tem um etapa especificamente problemática, que atrapalha todo o resto.

Vamos por etapas.

Inspiração: estamos conseguindo nos inspirar? Porque muitas vezes buscamos que as coisas do mundo externo nos tragam inspiração como num passe de mágica! O mundo em que vivemos é algo extraordinário, extremamente fértil, e muito, mas muito bonito. Se não estamos percebendo essas coisas do mundo, talvez estejamos muito focadas em tarefas de pouca importância espiritual.Quantas coisas costumávamos fazer em tempos passados que nos inspiravam e não fazemos mais? Quantas vezes acordamos de manhã dispostas a olhar para o mundo como fonte de inspiração? Será que não somos nós mesmas que estamos bloqueando a inspiração?

Concentração: na história passada estávamos falando sobre a necessidade de fazer a volta ao lar. Um lugar onde entramos em solidão voluntário, e nos permitimos sentir a nossa própria companhia e entrar em contato com os lugares mais profundos da nossa psique. A nossa ‘casa’ psíquica é o melhor lugar para que a gente consiga concentração necessária para criar nossas idéias. Coma as distrações do dia-a-dia, das pessoas à nossa volta, das responsabilidades profissionais, fica realmente muito difícil nos concentrar. E não me venham com desculpas de que ‘o mundo precisa de mim’, você é responsável também para dar espaço aos seus próprios trabalhos criativos.

Organização: eu vejo muitas pessoas se perdendo no meio do processo criativo por excesso de organização e não por falta dela. Costumamos fazer uma lista de mil coisas que precisam estar perfeitas antes de começarmos, mil tarefas de introdução necessárias, mil coisas que precisamos comprar e fazer antes disso. E nunca começamos. A organização pode tanto ser uma dádiva quanto uma maldição. Você tem o mínimo necessário para começar a trabalhar? Então comece. Agora!

Implementação: essa é a etapa onde eu tenho uma grande dificuldade. Eu me inspiro, eu me concentro, eu me organizo e.... nada da coisa rolar na prática! Infelizmente quando a nossa idéia precisa ser implementada na vida prática percebemos que temos vamos ter que achar espaço e tempo para ela. E uma vez que ela está pronta, é exatamente o que devemos fazer. Nada adianta estar com a idéia pronta, e nunca conseguir achar um pequeno espaço para que ela seja colocada em prática. Minha mãe, por exemplo, tem mais de dez livros escritos em casa. Mas nunca deu espaço no seu cotidiano para que fizesse os telefonemas necessários, fosse até as editoras, colocasse seus livros à prova. Medo do fracasso, preguiça, falta de saco? O que anda impedindo você de colocar as suas idéias em prática?

Manutenção: ok, chegamos até aqui e você pensa que o piro já passou não é? Engano seu. Quando escrevi que chegou a hora de eu começar a gerar novas coisas também me esqueci que o trabalho final vem depois dessa geração. Como uma mãe que gera um bebê por nove meses, por acaso o trabalho dela acaba no parto? Não! É no parto que o trabalho verdadeiramente começa. Assim nossos projetos e idéias também são bebês: precisam ser cuidados, banhados, alimentados, ninados. Caso contrário de nada adiantou toda a energia gasta na concepção e gestação, sem os cuidados e as manutenções seu projeto tende a definhar até morrer.

“Como pode a vida criativa da mulher ser poluída? Esse enlameamento da vida criativa invade todas as cinco fases da criação: a inspiração, a concentração, a organização, a implementação e a manutenção. As mulheres que perderam uma ou mais dessas fases relatam que não "conseguem pensar" em nada de novo, de útil ou que desperte sua empatia. Elas se vêem facilmente ''perturbadas" por casos de amor, pelo excesso de trabalho, pelo excesso de lazer, pela fadiga ou pelo receio de fracassar. Por vezes, elas não conseguem dominar a mecânica da organização, e seus projetos acabam espalhados por aí em centenas de lugares, aos pedaços.“

“Às vezes, a mulher tropeça na própria introversão e quer simplesmente que as coisas existam só porque ela deseja. Ela pode acreditar que basta pensar que a idéia é suficientemente boa e que não há necessidade de nenhuma manifestação externa. Só que ela se sente despojada e incompleta do mesmo jeito. Todas essas são manifestações de poluição no rio. O que está sendo fabricado não é a vida, mas algo que inibe a vida.”


Lição do Dia: focando bastante na etapa da implementação.

Pendências: quantas das minhas idéias e projetos estão empacadas nessa fase?

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domingo, 12 de dezembro de 2010

Dia 77 – Mulher solteira procura

Capítulo 10 – As águas claras: O sustento da vida criativa

Contos: La Llorona, A Menininha dos Fósforos e Os três Cabelos de Ouro
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A poluição da alma selvagem

“Esse conto emprega as imagens da bela mulher e do puro rio da vida para descrever o processo criador da mulher num estado normal. Aqui, porém, quando ele interage com um espírito destrutivo, tanto a mulher quanto o rio decaem. É então que a mulher cuja vida criativa está definhando vivencia, como La Llorona, uma sensação de envenenamento, de deformação, um impulso para acabar com tudo. Em seguida, ela é levada a uma procura aparentemente interminável do seu potencial criativo original, em meio aos destroços.”

Sim, eu sei muito bem o que é isso. Quando as pessoas escutam sobre a minha história se perguntam: porque raios você começa milhares de coisas e larga todas sem terminar? Porque eu estou procurando desesperadamente por algo. Alguma fagulha, alguma luz, alguma saída. Quero encontrar aquilo que eu olhe e ame, quero me sentir plena, como se eu estive no lugar certo o tempo inteiro não importa aonde eu estiver. Estou procurando meu potencial criativo em meio aos destroços.

Como até hoje eu não encontrei o que eu estava procurando, me fixei na idéia de que eu estava procurando no lugar errado. Então gastei mais energia e tempo ainda tentando o maior número de caminhos possíveis! E todos eles me levaram para a aridez. Será então que não era que eu estava no caminho errado, mas sim que eu estava procurando a coisa errada? Será que em vez de achar respostas eu deveria estar buscando aprender a fazer as perguntas? Será que em vez de buscar conquistas, eu deveria aprender a criar conquistas?

Como posso verdadeiramente estar buscando meu pleno potencial criativo se eu fico o tempo inteiro me comparando com as pessoas da minha idade que ganham tanto, que tem tantos imóveis, tal carreira bem sucedida, aposentadoria garantida? Como eu posso verdadeiramente me focar apenas nas minhas realizações pessoais se às vezes sucumbo às regras do mundo e me lembro que não tenho o que consideram ‘uma vida adulta’?

Será que não está na hora de eu me colocar diante do mundo e assumir que escolhi um caminho diferente? Não está na hora de gritar aos quatro ventos e para quem quiser escutar que eu não estou interessada nas coisas que dizem que eu preciso? Dizem que quando nós nos pronunciamos em voz alta, recebemos toda a força e a vibração das nossas próprias palavras. Será que está na hora de fazer uma declaração pública?

Pois então lá vai! Querido mundo: não me venha com cargos e rendas, não é isso que eu quero. Não tente me fixar na terra árida com as ilusões de imóveis financiados e famílias de margarina, eu simplesmente não nasci para isso. Não me cobre um salário, um bom emprego, um príncipe encantado. Desde agora eu pronuncio: não estou procurando por nada disso!

“No entanto, como na história, pode acontecer que a vida criativa da mulher seja dominada por algo que deseje fabricar apenas produtos do ego, que não têm nenhum valor psicológico duradouro. Às vezes existem pressões originadas na sua cultura que lhe dizem que suas idéias são inúteis, que ninguém vai se interessar por elas, que é vão o esforço de continuar. Isso é poluição. Isso equivale a derramar chumbo no rio. É isso o que envenena a psique.”

“A satisfação do ego é permissível e importante por si só. O problema reside no fato de que o derramamento de complexos negativos ataca tudo o que significar novidade, tudo o que for novo, que tenha potencial, que tenha acabado de nascer, tudo o que esteja no estado de crisálida, de lacuna, bem como o que estiver já crescido, tudo o que for velho e venerado. Quando há um excesso de fabricação sem alma, os resíduos tóxicos escorrem para o rio límpido, eliminando tanto o impulso criador quanto a energia.”


Lição do Dia: Xô, poluição!

Pendências: abandonando de vez as pendências do tipo ‘comprar meu primeiro apartamento em tantos anos’. Isso não é meta pra ninguém, isso é conseqüência.

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sábado, 11 de dezembro de 2010

Dia 76 – Criativa, eu?

Capítulo 10 – As águas claras: O sustento da vida criativa

Contos: La Llorona, A Menininha dos Fósforos e Os três Cabelos de Ouro
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Sabe que eu sempre me considerei uma pessoa sem nenhuma criatividade? Eu via essas pessoas excepcionais ao meu redor escrevendo, pintando, decorando, criando, e pensava: essa coisa de criatividade não é para mim. Passei anos pensando que eu nunca seria uma pessoa criativa, que eu nunca seria aquela mulher que cria novas coisas o tempo inteiro. Cheguei a pensar até que teria que passar o resto da minha vida desenvolvendo projetos alheios, já que minhas idéias eram fracas e definhavam logo depois de nascerem.

O trecho do livro de hoje fala sobre a criatividade inata das mulheres. Logo quando comecei a ler pensei ‘Ah não, não me venham dizer que as mulheres são criativas, porque meu lado criativo do cérebro veio com defeito!’. Mas enquanto lia, percebi que Clarissa chamava criatividade de outra coisa. Ela não estava falando de arte pura, de criar objetos, quadros, danças, tecidos. Ela fala da criatividade no seu nível mais básico: a criatividade que temos para criar a nossa própria vida!

“Por esse motivo, a capacidade criadora da mulher é seu trunfo mais valioso, pois ela é generosa com o mundo externo e nutre a mulher internamente em todos os níveis: psíquico, espiritual, mental, emocional e econômico. A natureza selvagem derrama-se em possibilidades ilimitadas, atua como um canal de vida, revigora, mitiga a sede, sacia a nossa fome pela vida profunda e selvagem. Seria ideal que esse rio criador não fosse represado, não sofresse desvios nem fosse mal utilizado.”

Então tive um grande insight: será que a minha dificuldade de sair de becos sem saída está na falta de criatividade que tenho para criar novas saídas para os problemas da vida?

“Quando a criatividade fica estagnada de uma forma ou de outra, o resultado é sempre o mesmo: uma fome desesperada pelo novo, um enfraquecimento da fecundidade, uma falta de espaço para as formas menores de vida se localizarem nos interstícios das formas maiores de vida, uma impossibilidade de que uma idéia fertilize uma outra, nenhuma ninhada, nenhuma vida nova. Nessas circunstâncias, sentimo-nos doentes e queremos seguir adiante. Vagueamos sem destino, fingindo poder sobreviver sem a exuberância da vida criativa, mas não podemos nem devemos.”

E se isso é verdade, como eu poderia fazer esse rio da criatividade voltar a correr? Como podemos fazer para que nossa alma se torne um terreno fértil onde nascem e vicejam idéias de novos caminhos? Qual é a forma de fazer isso?

Embora Clarissa ainda vai nos falar sobre como dês-represar o rio da criatividade interna, eu comecei a pensar em  algumas questões comigo mesma:
- estou entrando em contato com coisas novas diariamente?
- eu coloco energia suficiente nas idéias que tenho?
- quando me vejo num beco sem saída, penso em novos caminhos ou paraliso?
- que tipo de experiências poderiam me ajudar a ser mais criativa?
- eu já fui especialmente criativa em alguma área e deixei isso morrer?
- estou cercada de pessoas criativas ou monótonas?
- o meio que eu vivo acaba bloqueando o surgimento de novas idéias?
- o meu trabalho diário é minimamente estimulante?
- que tipo de situação ou contexto me estimula?
- a quanto tempo não possuo um hobbie?

“Se ansiamos pela energia criadora; se temos problemas para alcançar os aspectos férteis, imaginativos, formadores de idéias; se temos dificuldade para nos concentrarmos no nosso sonho pessoal, para agir de acordo com ele ou para garantir sua execução, então alguma coisa deu errado no ponto de união das águas das cabeceiras e dos afluentes de um rio. Ou pode ser que as águas criadoras estejam correndo por um meio poluente no qual as formas de vida da imaginação são eliminadas antes que possam atingir a maturidade. Com enorme freqüência, quando uma mulher se vê despojada da sua vida criativa, todas essas circunstâncias estão no cerne da questão.”


Lição do Dia: des-represar o rio da criatividade tem prioridade máxima agora!

Pendências: cruzando os dedos, fé na sorte!

Leia os três contos: La Llorona, A Menininha dos Fósforos e Os três Cabelos de Ouro: http://querocorrercomoslobos.blogspot.com/p/os-tres-contos-la-llorona-menininha-dos.html

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sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Dia 75 – O sucesso

Capítulo 9 – A volta ao lar: O retorno ao próprio Self

Conto: Pele de Foca, Pele da Alma
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A ecologia inata às mulheres

“Sabemos que não podemos viver uma vida confiscada. Sabemos que há uma hora em que as questões dos homens e as questões do mundo precisam ser abandonadas por algum tempo. Aprendemos que somos como anfíbios. Podemos viver na terra, mas não para sempre, não sem viagens à água e ao lar. Culturas excessivamente civilizadas e repressoras tentam impedir as mulheres de voltar para casa. Infelizmente, ocorre muitas vezes que ela seja espantada de perto da água até que definhe e perca o brilho.”

Ontem eu estava conversando com meu namorado sobre os planos que cada um de nós temos para o ano de 2011. Alguns pontos dessa conversa me trouxeram insights maravilhosos, e eu quero compartilhar alguns deles com vocês.

Meu namorado teve uma criação protestante muito forte. Embora ele tenha abandonada a sua religião familiar na adolescência, a cada ano que passa percebo que os princípios protestantes estão enraizados em sua psique. Ele não reza, não acredita em deus, nem em céu, nem no inferno. Mas ele é uma das almas mais evoluídas que eu já conheci. É impensável para ele desejar mal ao próximo, ele é incapaz de fazer mal a alguém ou pensar mal de alguém. Ele não consegue levar rancor nem mágoa de nenhum ser humano, mesmo que essa pessoa o tenha machucado. É um poço de perdão ambulante!

Quando se trata da vida prática, material e financeira, seus princípios também estão muito impregnados pelo protestantismo. Ele acredita no trabalho como fonte de todas as coisas. Ele acredita que é o trabalho que vai dar tudo o que ele mais deseja. Sim, ele procura se tornar bem sucedido, mas esse sucesso é relativo: o prazer que meu namorado tem não vem das coisas que conquistamos, mas do trabalho em si. Ele sente prazer tendo novas idéias, planejando como vai colocá-las em prática, desenvolvendo projetos, colhendo resultados. Como tudo na vida, isso também tem um lado negativo: ele é um clássico workaholic, vive ansioso e estressado! Ele sonha em um dia ter renda suficiente e bens materiais para ter uma grande estabilidade financeira, e aí sim poder se dedicar aos seus projetos pessoais sem a necessidade de obter lucro.

Esse é o ponto que nós dois mais discutimos. Para mim é impensável você ter um projeto de vida onde no caminho para alcançar suas metas você vai viver dormindo pouco, se sacrificando, abandonar sua vida social, abrir mão do lazer. Eu sei que o trabalho em si dá prazer para ele. Mas não me parece uma troca justa! Se daqui há 10 anos ele continuar não tendo os resultados que queria, vai ter valido à pena abrir mão de tudo? Para ele vai... Como eu disse, escondido sob a pele liberal, vive um bom e velho protestante. O trabalho enobrece o homem!

Eu sou o seu extremo oposto. Embora eu acredite na necessidade do trabalho, para mim ele é apenas o suporte para o meu prazer de vida. Eu trabalho porque preciso pagar as minhas contas, porque preciso de dinheiro para sustentar o meu prazer. Lembro até hoje quando eu comecei a trabalhar pela primeira vez. Eu cheguei cansada um dia em casa e pensei: é isso? Eu vou perder a maior parte das horas do meu dia construindo os sonhos de outra pessoa? Vou passar a minha vida inteira enriquecendo meus chefes? E eu???

Não,o trabalho tem que me dar muito mais do que isso!

Eu quero um trabalho que me proporcione o maior numero de experiências possíveis. Um trabalho que me dê a oportunidade de ter grandes experiências de vida: conhecer novos lugares, conhecer novas pessoas, entrar em contato com novas coisas. Eu quero um trabalho que não me prenda, mas me liberte: eu quero horários flexíveis!

Quando eu projeto a imagem de uma Vero bem sucedida, sabem o que eu penso? Eu penso num estilo de vida! Não um cargo, não uma posição de poder, não uma determinada quantia na conta bancária. Para mim o sucesso é a liberdade de fazer o que eu amo e ganhar dinheiro com isso sentindo o máximo de prazer possível no processo!

E aí meu namorado protestante virá para mim é diz: ’Você é louca? Você vai usar o seu livre arbítrio para escolher uma vida sem segurança, sem estabilidade, com um monte de riscos?’

Sim, eu vou.

‘Você está escolhendo o caminho difícil Vero! Você precisa primeiro se estabilizar, ter uma renda boa, comprar seu apartamento, casar, ter seus filhos, se tornar bem sucedida, e aí sim, você vai poder fazer o que você quiser!’.

E aí tivemos novamente a conversa de que para mim liberdade é nunca casar, é nunca comprar um imóvel, é não fixar raízes. E ele me perguntou preocupado, como é que ele podia sentir segurança no nosso relacionamento se nossos planos são tão diferentes. E eu respondi: ‘Isso é uma das coisas que só o futuro dirá! Eu posso mudar de idéia amanhã, ano que vem, ou daqui há dez anos. Eu posso nunca mudar de idéia. Não espere que eu seja coerente ou estável. Essa segurança que você espera que eu te dê, ninguém pode te dar.’

Eu não vou permitir que meus sonhos e desejos, nem que o meu simples prazer, sejam adiados porque me dizem que eu preciso conquistar algumas coisas antes de poder me jogar no mundo. Eu vou me jogar no mundo porque essa é a única forma que eu vejo de ir atrás das coisas que eu realmente quero.

“É dito na história que são muitos os que tentam caçar a alma para capturá-la e matá-la, mas que nenhum caçador o consegue. Mais uma referência nos contos de fadas à indestrutibilidade da alma selvagem. Mesmo que tenhamos trabalhado, feito sexo, descansado ou brincado fora dos ciclos, isso não mata a Mulher Selvagem; só nos deixa exaustas. O lado bom consiste em podermos fazer as correções necessárias e voltar aos nossos próprios ciclos naturais. É com o amor e o cuidado com nossas fases naturais que protegemos nossa vida para que ela não seja arrastada pelo ritmo de outra pessoa, pela dança de outra pessoa, pela fome de outra pessoa. É através da legitimação dos nossos ciclos distintos para o sexo, para a criação, o descanso, o lazer e o trabalho que reaprendemos a definir e a discriminar todos os nossos sentidos e fases selvagens.”


Lição do Dia: tomando a responsabilidade para viver a vida do meu jeito.

Pendências: algumas idéias sobre o próximo passo profissional já estão se formando.

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quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Dia 74 – Ah! A madrugada...

Capítulo 9 – A volta ao lar: O retorno ao próprio Self

Conto: Pele de Foca, Pele da Alma
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A prática da solidão voluntária

Ah! A madrugada... Meu horário predileto do dia, o melhor momento para ficar sozinha, completamente isolada do mundo, apenas curtindo a minha própria companhia. Não é a primeira vez que comento sobre as madrugadas. Já havia dito aqui antes que a única forma de eu conseguir recarregar as minhas baterias é na escuridão noturna. E quando eu digo completa solidão, não conta alguém acordado no quarto ao lado, não. Preciso de paz total, de silencio quase absoluto, de nenhuma responsabilidade nem tarefa a cumprir. Preciso de luzes baixas, de temperatura amena, de vento gelado entrando pela janela. E quando isso é possível numa cidade que nem São Paulo? Apenas de madrugada!

“Para ter esse intercâmbio com o feminino selvagem, a mulher precisa deixar temporariamente o mundo, colocando-se num estado de solidão — aloneness — no sentido mais antigo do termo. Antigamente, a palavra alone (só) era tratada como duas palavras, all one. Estar all one significava estar inteiramente em si, em sua unidade, quer essencial quer temporariamente. É esse exatamente o objetivo da solidão, o de estar inteiramente em si.”

Eu descobri o efeito terapêutico que as madrugadas têm quando estava na época da minha primeira faculdade. Percebi que eu conseguia render quase 4 vezes mais estudando de madrugada do que durante a tarde e a noite inteiras. Esperava a última luz dentro da minha casa apagar para abrir os livros. Deixava uma música ambiente, só uma luminária acessa e começava os estudos. Depois de um tempo comecei a reparar que eu não apenas estudava nesses momentos, eu viajava também: eu sonhava acordada! E pensava na minha vida, nos meus problemas. Comecei a ter insights maravilhosos! Resolvia questões, descobria outras, achava saídas. Uma nova onda de energia circulava pelo meu corpo depois desse ‘retiro’: eu me senti renovada, estimulada, descansada. Era o meu momento de conexão com o meu self.

Hoje em dia ainda continuo com a prática de passar as madrugadas comigo mesma, pelo menos um pouquinho todos os dias. Como antes, ainda espero a última luz apagar, e quando as 4 horas da manhã se aproximam, é quando começo a conversar comigo mesma. Sem palavras, sem grandes movimentos, apenas um conexão espiritual com o lado mais profundo no meu ser.

“Num tal estado de solidão, podemos agir assim, pois é nesse período que direcionamos todos os aspectos do self para um ponto situado no tempo, e pesquisamos, perguntamos, querendo descobrir o que eles/nós/a alma desejam neste exato instante e realizando esse desejo se possível. Desse modo, fazemos sondagens vitais sobre nossas condições atuais. Há muitos aspectos da nossa vida que devemos avaliar com constância: o ambiente, o trabalho, a vida criativa, a família, o parceiro, os filhos, mãe/pai, a sexualidade, a vida espiritual e assim por diante. O padrão usado para a avaliação é simples. O que precisa menos? O que precisa mais? Estamos perguntando a partir do self instintivo, não em termos lógicos, não em termos de ego, mas segundo a mulher selvagem, que trabalho, que acertos, quais aparas ou quais realces precisam ser executados. Será que estamos na trajetória certa no espírito e na alma? A nossa vida interior está aparecendo? O que está precisando de reforço, de proteção, de lastro ou de pesos? O que está precisando ser eliminado, transposto ou modificado?”

Então acho que a lição do dia é exatamente essa! Se você ainda não conseguiu encontrar um espaço e um momento, está na hora de se isolar voluntariamente para entrar em contato com o seu próprio self. Se você já encontrou esse espaço, que tal pensar numa forma de entrar em contato com ele a qualquer hora e em qualquer lugar?


Lição do Dia: pensando em como trazer esse momento para a minha rotina diária.

Pendências: pensando na minha noite de ‘não-natal’. Explico depois...

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quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Dia 73 – Voltando à vida real

Capítulo 9 – A volta ao lar: O retorno ao próprio Self

Conto: Pele de Foca, Pele da Alma
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A volta à superfície

Após aprendermos como fazer essa volta para o lar, precisamos entender o que significa voltar para o mundo concreto.

Como os maratonistas fazem para correr tanto por tanto tempo? Bom, eles intercalam marcha lenta com marcha acelerada, sem nunca parar completamente, nem nunca sair disparando que nem um louco. Consistência durante todo o percurso vale muito mais do que velocidade em apenas alguns trechos, para quase morrer depois.

Ando reparando que intercalar esses momentos introspectivos de contato com a alma e momentos de aceleração máxima, me deixam muito mais exausta do que deveriam. Fazendo um paralelo é como se ao invés de fazer uma caminhada, eu resolvesse sair correndo a mil por hora por 2 minutos, e parar de repente por 1 minuto, logo em seguida corre a mil por hora de novo, e parar mais uma vez... É muito mais exaustivo do que fazer apenas uma corrida mais longa e no mesmo ritmo, não?

Eu fico extremamente perdida quando tenho que voltar forçadamente para a vida real no meio de uma ‘pausa’. O mundo externo parece barulhento demais, bagunçado demais, quadrado e sério demais. Demoro um tempo para voltar à ativa, mas quando volto, lá estou eu ligada novamente no 220!

“À medida que voltamos ao mundo tagarela, especialmente se ficamos de algum modo isolados durante nossa viagem de volta ao lar, as pessoas, as máquinas e outros objetos nos dão uma impressão ligeiramente estranha, e até mesmo a conversa dos que nos cercam nos parece um pouco singular. Essa fase do retorno é chamada de reentrada, e é natural. A sensação de pertencer a um mundo diferente passa depois de algumas horas ou de alguns dias. Daí em diante, dedicaremos uma boa parcela de tempo à nossa vida mundana, estimulada pela energia acumulada na viagem ao nosso lar e na união temporária com a alma através da prática da solidão.”

Então talvez o que eu esteja precisando é fazer um trajeto mais consistente, no sentindo de misturar de forma mais ou menos uniforme, os intervalos que eu vou me jogar nas tarefas do dia-a-dia, e os intervalos que vou parar para olhar apenas para dentro de mim.

Clarissa nos dá dicas bem bacanas de como trazer os benefícios da ‘volta ao lar’ para a nossa vida concreta, sem nos esquecer da sensação de plenitude que ela nos traz.

A primeira delas é o insight. Ele é um dom que todas nós temos, em algumas mais adormecido do que outras, mas que existe e funciona se soubermos ler os seus sinais. Uma mulher com o dom do insight bem desenvolvido conseguem enxergar mais, ver além dos discursos, das máscaras, da excessiva informação do mundo. Ela consegue deixar de lado o que é superficial e não importante, e perceber o que realmente tem valor. O insight permite que você deixe os ciclos acontecerem como devem ser: com finais bem marcados e inícios férteis.

O segundo dom resume a nossa capacidade de gerar energia quando tudo ao nosso redor parece árido. Essa capacidade é de extrema importância para nos ajudar a transformar a nossa vida, abrindo novos caminhos quando os antigos não servem mais. Produzir coisas que te motivem e te alimentem, investir em determinadas coisas e em outras não, e a espantar todos os pensamentos, pessoas e situações que drenam a sua energia. Gerar paixão na sua vida por si mesma a partir dos fracassos e dos erros cometidos.

A terceira dica é manter as forças do mundo selvagem o mais próximas possíveis da gente em tempo integral. Manter na nossa consciência o poder da vida selvagem que sentimos quando voltamos ao lar, deixar usa lembrança sempre presente, o tempo inteiro e em todos os lugares. Deixara conexão com o mundo selvagem apenas nos momentos propícios não vai nos dar a força necessária para enfrentar o mundo material. Ela precisa estar presente em absolutamente todos os momentos.

Seguindo esses três princípios nós vamos estar mais perto da união ego-self, vamos estar nos transformando na mulher medial: aquela que vive entre o mundo selvagem e o mundo material.

“Descobrimo-nos, então, repletas de toques de tambor, repletas de cantos, repletas das nossas próprias palavras, que ouvimos e transmitimos; novos poemas, novos modos de ver, novos modos de agir e de pensar. Em vez de tentar "fazer com que o momento mágico dure", nós simplesmente o vivemos. Em vez de oferecer resistência ao trabalho da nossa escolha, ou de ter pavor dele, nós mergulhamos nele com facilidade; vivas, cheias de novas idéias e curiosas para ver o que virá a seguir.”


Lição do Dia: consistência!

Pendências: agradecendo pelo meu 13º.

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terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Dia 72 – Pressentindo a Morte chegar

Capítulo 9 – A volta ao lar: O retorno ao próprio Self

Conto: Pele de Foca, Pele da Alma
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A mulher medial: a que respira debaixo d'água

“Existe no âmago de todas as mulheres o que Toni Wolffe, uma analista junguiana que viveu na primeira metade do século XX, chamou de "mulher medial". A mulher medial se posiciona entre o mundo da realidade consensual e o do inconsciente místico, fazendo mediação entre eles. Ela é o transmissor e o receptor entre dois ou mais valores ou idéias. Ela é a que dá à luz novas idéias, transmuta velhas idéias por idéias inovadoras, faz a comunicação entre o mundo do racional e o do imaginário. Ela "ouve" coisas, sabe "coisas" e "pressente" o que virá a seguir.”

No caminho para me tornar essa mulher medial ando bem mais atenta aos sinais do meu instinto do que sempre estive. Já comentei anteriormente com vocês que o quanto o começo no meu atual trabalho foi difícil. È muito exaustivo termos que provar o nosso valor o tempo inteiro, sabendo que um homem na minha posição teria um caminho muito mais suave do que eu tive. E eu tenho muito orgulho das minhas conquistas profissionais porque foram todas muito suadas, e porque sei que na minha carreira nunca nada veio fácil.

Só que nos últimos meses tenho estado em crise no relacionamento com o meu trabalho. Ele não me satisfaz mais, ele não me agrega mais, não tenho nada de novo para aprender. E como se não bastasse, o fato de ser mulher e ter mais de 5 chefes homens, todos extremamente machistas, têm me sugado uma porção gigantesca da minha energia. Chegou um ponto onde o meu trabalho não me dá mais nada, enquanto eu tenho que me dar cada vez mais.

Tudo começou com uma sensação de cansaço inexplicável. Eu estava cansada o tempo inteiro durante o meu trabalho. Lembro do alívio que sentia quando saia do escritório, como se o peso que me puxasse para baixo durante o dia tivesse sido deixado em cima da minha mesa. Alguns meses depois eu comecei a me sentir cansada também fora do trabalho. Não tinha mais pique para fazer nada, nem um programinha caseiro, nem uma conversa com bons amigos. Comecei a ter uma sensação horrível de estar presa, amarrada, boicotada, mutilada. Sentia uma espécie de claustrofobia emocional. Um dia lembro que acordei com uma sensação estranhíssima, mas muito certeira, de que eu não conseguiria caminhar nem mais 1 cm se continuasse nesse trabalho. Como se algo, o ambiente, as pessoas e o trabalho em si, tivessem podando qualquer possibilidade da minha alma evoluir.

Nessas últimas duas semanas isso piorou. Vocês acreditam que eu ando sonhando com o trabalho? Sem parar! Tenho 2 ou 3 sonhos por noite, e em todos eles é como se eu estivesse realmente trabalho, só que sempre tendo que resolver mil problemas urgentes. Acordo mais cansada e estressada do que quando fui dormir.

Tenho certeza que se isso me acometesse há alguns anos atrás, eu simplesmente ignoraria e continuaria trabalhando, até que um belo dia qualquer motivo estúpido seria a gota d’água e eu teria uma explosão de stress que me faria largar o emprego do dia para a noite. Acreditem, já perdi a conta de quantas vezes isso aconteceu! Mas desde que me comprometi a fazer essa jornada de auto-conhecimento, estou muito mais antenada aos sinais do meu instinto, e muito mais disposta a ser honesta com os meus sentimentos.

O que antes era um plano para daqui há 8 meses, agora virou prioridade: preciso mudar de emprego! E só saber disso, só de ter tomado essa decisão, já senti uma nova onda de energia vinda lá de dentro da minha alma, como uma auto-motivação para seguir adiante. Logo, vou aprender com os meus erros: ficar calma, continuar cumprindo com as minhas responsabilidades, procurar um novo emprego e quem sabe, conseguir cumprir um aviso prévio pela primeira vez na vida?

Estou muito, mais muito orgulhosa de mim por estar conseguindo aceitar que o meu tempo nesse trabalho acabou, que já cumpri o que deveria fazer nele. Nosso ciclo se encerra e chegou a hora de eu aceitar a Morte de mais uma etapa na minha vida. Também sei que se cheguei nesse ponto é porque demorei um pouco demais, então fico com mais uma lição para aprender.

Lá vou eu enfrentar o medo de não ser aceita, de não conseguir, de fracassar. Eu sei que faz parte. Todo fim de relacionamento é dolorosa porque a perda dói. Então coragem Vero, para enfrentar mais esse fim na sua vida: você acaba de dar mais um passo adiante na sua jornada!

“A mulher-foca, o self da alma, passa pensamentos, idéias, sentimentos e impulsos de dentro d'água até o self medial, que por sua vez leva os mesmos até a terra e até a consciência no mundo objetivo. O sistema também funciona no sentido inverso. Os acontecimentos da nossa vida diária, nossos traumas e alegrias passadas, nossos temores e esperanças para o futuro, todos são passados diretamente à alma, que tece seus comentários nos nossos sonhos, manifesta seus sentimentos através do nosso corpo ou nos fisga com um momento de inspiração com uma idéia na ponta.”


Lição do Dia: aceitando a Morte e seu papel de trazer mais vida logo adiante.

Pendências: recebendo um dos meus melhores amigos em casa para o final do ano, e preparando tudo para a sua chegada.

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segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Dia 71 – Onde fica o lar?

Capítulo 9 – A volta ao lar: O retorno ao próprio Self

Conto: Pele de Foca, Pele da Alma
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A separação, o mergulho

Ninguém poderia explicar com mais belas palavras do que a própria Clarissa:

“A resposta exata à pergunta de onde fica o lar é mais complexa... mas de certo modo ele fica num lugar interno, um lugar em algum ponto do tempo, não do espaço, onde a mulher se sinta inteira. O lar é onde um pensamento ou sentimento pode ser mantido em vez de sofrer interrupções ou de ser arrancado de nós porque alguma outra coisa exige nosso tempo e atenção. E, pelos séculos afora, as mulheres sempre descobriram inúmeros meios de chegar a ele, de criá-lo para si, mesmo quando seus deveres e afazeres pareciam intermináveis.”

“É correto e conveniente que as mulheres procurem, liberem, conquistem, criem, conspirem para obter e afirmem seu direito à volta ao lar. O lar é uma sensação ou uma disposição constante que nos permite vivenciar sensações não necessariamente mantidas no mundo concreto: o assombro, a imaginação, a paz, a despreocupação, a falta de exigências, a liberdade de estar afastada da tagarelice constante. Todos esses tesouros do lar deveriam ficar armazenados na psique para seu uso futuro no mundo objetivo.”

“Os veículos com os quais e através dos quais a mulher chega ao lar são muitos: a música, a arte, a floresta, o vapor do mar, o nascer do sol, a solidão. Todos eles nos levam de volta a um mundo interior benéfico que tem idéias, organização e sustentação próprias. Não há só tempo para contemplar, mas também para aprender e descobrir o esquecido, o enterrado, o que está fora de uso. Ali podemos imaginar o futuro e também nos debruçar sobre os mapas de cicatrizes da psique, descobrindo o que levou ao quê e onde iremos em seguida.“

“O que posso lhe dizer de mais importante quanto ao momento certo desse ciclo de volta ao lar é o seguinte: quando está na hora, está na hora. Mesmo que você não se sinta pronta, mesmo que algumas coisas fiquem por fazer, mesmo que hoje seja o dia da sua sorte grande.“

“Todas nós temos nossos métodos preferidos para nos convencer a não tirar o tempo necessário para a volta ao lar. No entanto, quando resgatamos nossos ciclos instintivos e selváticos, ficamos sob a obrigação psíquica de organizar nossa vida para que possamos vivê-la cada vez mais em harmonia. Discussões sobre a conveniência e a inconveniência da despedida para a volta ao lar são inúteis. A verdade é que, quando chegou a hora, chegou a hora.”

“Algumas mulheres nunca voltam ao lar e, em vez disso, passam a vida a la zona zombi, na faixa dos zumbis. A parte mais cruel desse estado sem vida reside no fato de a mulher funcionar, caminhar, falar, agir, até realizar muitas coisas, mas sem sentir os efeitos do que não deu certo. Se ela sentisse, a dor faria com que imediatamente se voltasse para corrigir a situação.”

“No entanto, não é isso o que ocorre. A mulher nesse estado segue em frente com dificuldade, com os braços estendidos, defendendo-se da dolorosa perda do lar, cega e, como dizem nas Bahamas, "ela se tornou sparat", querendo dizer que sua alma partiu sem ela e a deixou com uma sensação de não ser inteiramente sólida, por mais que se esforce. Nesse estado, as mulheres têm a estranha impressão de que estão realizando muito, mas com muito pouca satisfação. Elas estão fazendo o que achavam que deviam fazer, mas não se sabe como o tesouro nas suas mãos se transformou em pó. Essa é a percepção adequada que a mulher deve ter nesse estado. O descontentamento é a porta secreta que leva a mudanças significativas e revigorantes.”

“Para algumas, o lar corresponde à dedicação a algum tipo de iniciativa. Algumas mulheres começam a cantar depois de anos em que não encontravam razão para fazê-lo. Elas se comprometem a aprender algo que há muito tempo tinham vontade de aprender. Elas procuram entrar em contato com pessoas e coisas que pareciam perdidas na sua vida. Elas reassumem sua voz e começam a escrever. Elas repousam. Elas transformam algum cantinho do mundo no seu próprio canto. Elas levam a cabo decisões imensas ou intensas. Elas fazem coisas que deixam sua marca.”

“Se você tiver de lutar cada vez que quiser ir, seus relacionamentos mais íntimos podem precisar ser cuidadosamente avaliados. Se possível, é melhor demonstrar ao seu pessoal que você estará diferente quando voltar, que você não os está abandonando, mas se reaprendendo e trazendo a si mesma de volta à sua verdadeira vida. Especialmente se você for artista, cerque-se de pessoas que sejam compreensivas para com sua necessidade de volta ao lar, pois é provável que você vá precisar, com maior freqüência do que a maioria das mulheres, minar o terreno psíquico do "lar" a fim de aprender os ciclos da criação. Portanto, seja breve, porém firme. Minha amiga Normandi, uma escritora talentosa, diz que já tem prática e resume tudo a "Estou indo". Essas são as melhores palavras possíveis. Diga-as. E vá embora.”

“Mulheres diferentes têm critérios diferentes para o que consiste num período útil e/ou necessário passado no "lar". A maioria de nós nem sempre pode ficar lá tanto tempo quanto quer. Por isso, ficamos o tempo que podemos. De vez em quando, ficamos lá o tempo que precisamos. Em outras ocasiões, ficamos por lá até sentirmos falta do que deixamos. Às vezes mergulhamos, saímos, mergulhamos de novo, rapidamente. A maioria das mulheres de volta aos ciclos naturais alternam entre essas opções, procurando equilibrar as circunstâncias e a necessidade. Uma coisa é certa. É uma boa idéia ter uma pequena valise pronta junto à porta. Para uma eventualidade.”


Lição do Dia: lembrando das coisas que há muito tempo tenho vontade de aprender. Porque não agora?

Pendências: pensando em como posso colocar essas coisas que sempre quis fazer na minha vida prática e financeira.

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domingo, 5 de dezembro de 2010

Dia 70 – Crise de stress?

Capítulo 9 – A volta ao lar: O retorno ao próprio Self

Conto: Pele de Foca, Pele da Alma
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A demora excessiva

“Nesse conto, a mulher-foca resseca por ter-se demorado demais. Suas aflições são as mesmas que experimentamos quando ficamos além do tempo. A sua pele se resseca. A nossa pele é o nosso órgão dos sentidos mais extenso. Ela nos diz quando estamos com frio, com calor, quando estamos entusiasmadas, quando estamos com medo. Quando a mulher passa tempo demais longe de casa, sua capacidade de perceber como está se sentindo a respeito de si mesma e de todas as outras coisas começa a secar e a rachar. Como não está percebendo o que é demais, nem o que é insuficiente, ela simplesmente ultrapassa seus próprios limites.”

Clarissa nos conta que quando a mulher está nesse estado se diz que ela está ‘amamentando a ninhada morta’. Pesada essa imagem não é? Mas muito verdadeira. Quando estamos cegas e ressecadas, no auge de uma crise de stress, permanecemos alimentando coisas que não vão mais crescer nem viver. Alimentamos idéias e sonhos que já estão mortos, investimos em amores e relacionamentos que não têm mais vida, deixamos nossa vida ser regida por deveres e exigências que não trazem mais prazer, nos esgotamos para cumprir responsabilidades que não vão nos realizar.

É o tipo de situação que fica mais evidente a já comentada ‘Fome da Alma’. Nossa alma esta morrendo de fome, e do que? Fome de uma vida nova e de novas oportunidades que nos façam avançar. Fome de um estado de espírito que não nos faça sentir mais melancolia, angústia, desolação, nem desconforto. Fome de uma liberdade absoluta! E quanto mais tempo demorarmos para fazer essa volta, mais esmagadora vai ficar essa fome, mais anêmica vai ficar nossa alma.

“No entanto, a mulher continua sua rotina diária, com ar submisso, agindo como se sentisse culpada ou superior aos outros. "É, é, eu sei", dizem elas. "Eu devia, mas, mas, mas..." São esses "mas" na sua fala que denunciam inegavelmente que elas se atrasaram.”

Eu tenho uma amiga que há uns 10 anos descobriu sua paixão pelas artes plásticas. O problema é que ela já tinha construído uma carreira inteira numa área completamente oposta, e se recusava a abandoná-la por causa de todo o investimento de tempo e dinheiro que havia feito. Toda vez que a gente se encontrava lá vinha ela ‘Ah, como eu queria...’, ‘Ah, como eu seria feliz!’. Depois de escutar essa ladainha durante anos eu perguntei para ela porque diabos ela não começava a trabalhar com o que gostava! E ela, vendo que realmente não havia explicação pertinente começou a se dar prazos: ‘quando eu acabar a pós’, ‘quando acabar meu curso de francês’, ‘quando eu acabar o doutorado’, ‘quando eu tiver mais tempo e mais dinheiro’. Meu Deus, há anos eu escuto essa amiga adiar a sua própria felicidade sem nenhum motivo válido para isso! Como uma mulher se recusa a adiar seus compromissos, e se permite adiar a sua liberdade?

“Portanto, mulheres que estão cansadas, que estão temporariamente cheias do mundo, que têm medo de tirar uma folga, têm medo de parar, acordem imediatamente! Cubram com um cobertor o gongo estridente que não pára de pedir que vocês ajudem aqui, ajudem ali, ajudem mais acolá. Ele ainda estará ali para que você lhe retire o cobertor, se assim desejar, quando estiver de volta. Se não voltamos para casa quando chega a hora, deixamos de ver com nitidez. Encontrar nossa pele, vesti-la, ajeitá-la bem, voltar para casa, tudo isso nos ajuda a ser mais eficazes quando estivermos de volta.”


Lição do Dia: reavaliando minhas crises de stress. Foi stress mesmo?

Pendências: começando a organizar a minha festinha do dia 24 de dezembro.

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sábado, 4 de dezembro de 2010

Dia 69 – Para descobrir o que queremos

Capítulo 9 – A volta ao lar: O retorno ao próprio Self

Conto: Pele de Foca, Pele da Alma
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Ouvindo o chamado da Mais Velha

Exercício do dia! Pense num momento da sua vida e complete a frase: ‘E se eu tivesse...’.

Eu brinco que esses momentos decisivos são as encruzilhadas do nosso caminho. Na grande maioria das vezes, quando estamos diante de uma encruzilhada nós temos duas opções à nossa frente. Opção 1: continuar no caminho conhecido que atravessa um campo aberto e seguro, mas que sabemos muito bem aonde vai nos levar e não é para onde queremos ir. Opção 2: pegar a outra saída, uma caminho tortuoso que nos leva para dentro de uma floresta escura, que não temos a menor idéia da onde vai dar.

Se vocês fizeram o exercício, provavelmente notaram que as vezes que pegaram o caminho desconhecido, vocês abriram mão do que era confortável e seguro e se jogaram numa nova aventura. Provavelmente sentiram muito medo quando escolheram o caminho escuro, tinham muitas dúvidas, mas algo dentro de vocês dizia ‘Não posso mais continuar nesse caminho, vou ter que escolher correr os riscos’.

Mulheres que após anos numa profissão resolveram começar do zero uma nova carreira optaram pelo caminho desconhecido. Mulheres que abandonaram um casamento infeliz tomaram o caminho escuro. Mulheres que resolveram mudar de cidade, de país, escolheram correr os riscos. Mulheres que mudaram de religião, que cortaram laços com a família, que resolveram se transformar: todas elas optaram pelo caminho desconhecido.

Muitas vezes não conseguimos sair do definhamento, porque não sabemos para onde ir. ‘Ok, aqui está bem ruim, mas porque eu trocaria o certo pelo duvidoso?’. Porque nos jogarmos no escuro faz parte do caminho para descobrirmos o que queremos. A trilha clara nos leva para o caminho conhecido do mundo, impregnado pelos valores da cultura, e não pelos seus. Logo, o caminho para voltar ao nosso lar, obviamente só pode ser a outra trilha.

Faz parte do aprendizado largarmos o que nos agride, mesmo sem ter para onde ir. Faz parte da nossa iniciação sair pela noite adentro sem saber que caminho seguir, apenas tentando nos guiar pela voz do nosso instinto. O nosso instinto selvagem é mais sábio do que nós, ele sabe que é esse caminho escuro que devemos seguir, ele é o chamado da Mais Velha, o anseio por ‘alguma coisa’ que não sabemos bem o que. E essa ‘alguma coisa’ não está na trilha aberta, clara e segura.

Sonhos irrequietos, irritabilidade, sensação de estar perdida, sensação de falta de paz, ou de falta de conforto nas situações do dia-a-dia. Todas esses sentimentos são sinais de que está na hora de voltarmos para casa, está na hora de pegarmos a trilha escura para descobrirmos o que é que nos chama.

“Essas imagens de movimentos dentro e através da escuridão transmitem uma mensagem antiqüíssima que diz: "Não tema 'não saber'." Em várias fases e períodos da nossa vida, é assim que deve ser. Essa característica dos contos e dos mitos nos estimula a seguir o chamado, mesmo quando não temos a menor idéia de onde ir, em que direção ou por quanto tempo. Tudo o que sabemos é que, à semelhança da criança na história, precisamos acordar, nos levantar e ir ver o que é. Assim, pode ser que saiamos no escuro aos trambolhões por algum tempo, tentando descobrir o que nos chama, mas, como conseguimos impedir que nos convencêssemos a não atender ao chamado do lado selvagem, invariavelmente acabamos por tropeçar na pele da alma. Quando respiramos esse estado da alma, automaticamente mergulhamos na sensação de que ‘Isso está certo. Sei do que preciso’.”

Então, se você anda tendo essas sensações, se escuta de algum lugar de dentro da sua alma um chamado para voltar para casa, está na hora de partir. Está na hora de abandonar o que é confortável e seguro, e caminhar para dentro da floresta escura. É a única forma de descobrir o que é que queremos.

“Embora as mulheres estejam voltando para dentro de si mesmas, tratando de vestir a pele de foca, fechando-a bem, e estejam prontas para partir, é difícil partir. É realmente difícil ceder, renunciar a tudo com que se esteve ocupada e simplesmente ir embora.”


Lição do Dia: escutando meu chamado e tentando entender de onde ele vem.

Pendências: contando os dias para terminar a carência dos meus novos convênios médicos.

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