sábado, 26 de março de 2011

Dia 105 – Cabelos

A relação que as mulheres têm entre seu cabelo e sua auto-estima é muito engraçada. Eu nunca entendi direito o que é que rola na nossa cabeça para colocarmos tanta pressão em cima dos nossos pobres coitados cabeleireiros. Juro que se eu fosse uma profissional da área ia cortar exclusivamente o cabelo de rapazes. Na pior das hipóteses, se ficasse ruim eles simplesmente mandariam passar a máquina zero.

Como sempre fui bem desencanada desse negócio todo, achava engraçado minhas amigas dando ataque e chorando no salão, misturando um milhão de tintas para encontrar a cor perfeita, comprando uma dezena de máscaras que prometem resultados de top model. Passei toda a minha adolescência com o corte comprido e reto, que eu aparava sozinha em casa de tempos em tempos. Quando comecei a trabalhar me veio a vontade de dar uma repaginada no visual e cortei o clássico Chanel pela primeira vez. Corte que usaria por anos, e que virou minha marca registrada.

Foi interessante ver a reação das pessoas quando cortei pela primeira vez. As mulheres me admiravam pela coragem, os homens pela ousadia. Como se o fato de não estar mais no padrão feminino do cabelo longo e sexy, fosse um sinal de forte personalidade. Se pensarmos nas estatísticas, as usuárias dos curtíssimos normalmente estão na meia idade ou são aquelas garotas super descoladas e inteiras tatuadas. Quantas capas da Playboy mostram mulheres de cabelos curtíssimos? No imaginário surreal das fantasias masculinas é raro ter espaço para as do time dos curtinhos.

A opinião dos meus namorados variava bastante. Alguns achavam incrível, outros sentiam falta de ‘algo para pegar’ na hora H (esse comentário vale um chute no saco, ok?) e outros não simplesmente não entendiam meu horror aos cabelos compridos.

Sou daquelas mulheres bem práticas, para quem a vaidade só tem espaço até o ponto que não me atrasa a vida. Só que depois de anos eu comecei a ficar entediada ao me olhar no espelho e vi que a única alternativa para mudar o visual era deixar o cabelo crescer de novo. No último ano comemorei cada centímetro que crescia, quem aqui já passou por isso sabe bem como é essa neurose! Quando finalmente ele atingiu o comprimento que tinha no passado remoto, eu volto a estudar. E percebo que todas as minhas colegas de sala, no auge da adolescência, estavam com o mesmo corte que eu.

E aí eu vou correndo para o salão ter uma DR com o meu cabeleireiro: “Querido, você sabe que essa cara de menininha que eu tenho sempre me incomodou. Não adianta, vou sempre parecer 10 anos mais nova do que eu sou. Como eu não posso fazer nada a respeito, por favor, me deixe pelo menos com uma cara mais séria!”

E assim voltei ao Chanel.

Agora o dilema: todos os meus amigos brincam que eu tenho mais testosterona no corpo que qualquer macho-ogro por aí. Minha neura com o meu cabelo prova que de fato sou uma mulher como todas as outras, ou prova que sendo criada como uma mulher não sou imune à ataques bestas de futilidade de tempos em tempos?

Lição do Dia: eu também tenho meus ataques de futilidade.


Escreva para a Vero: eueoslobos@gmail.com

2 comentários:

Cris Medeiros disse...

Olha eu sou bem prática e com poucas frescuras e manias femininas. Mas meu cabelo eu tenho maior xodó... Acho que porque ele é mais para duro que pra liso. As mulheres de cabelo liso tendem a não se importar muito com o cabelo porque eles já nascem arrumados... ehehehe

Beijocas

Lena disse...

Adoro cabelo curto, é mais prático, mais elegante... mas meu cabelo é cacheado, então curtinho tenho que cuidar muito mais dele, senão fica tipo o jogador de basquete Varejão.