terça-feira, 30 de novembro de 2010

Dia 65 – O diagnóstico

Capítulo 9 – A volta ao lar: O retorno ao próprio Self

Conto: Pele de Foca, Pele da Alma
(Link para a história completa no menu à direita)

A perda da pele

Quando li o conto ‘Pele de foca, pele de alma’, me lembrei perfeitamente das minhas aulas de biologia do colégio. Segundo meu professor, a pele foi uma das coisas mais importantes que possibilitou que os animais conquistassem o meio terrestre. É a pele que permite que a gente se separe do mundo externo, mantendo a nossa constituição química e biológica interna. É ela que nos protege das agressões do clima. A pele é o filtro entre a gente e o mundo: nossas bilhões de terminações nervosas permitem que a gente sinta a temperatura, o toque e as texturas das coisas. Sem ela nós morreríamos desidratados em questão de minutos.

Fazendo um paralelo com o que representa a pele no conto, não poderiam ter escolhido uma simbologia melhor. A pele ‘da alma’ é aquilo que faz com que a gente permaneça com nossos valores e princípios internos, que separa a nossa individualidade das outras, que nos protege das agressões do mundo externo. E ela que filtra os acontecimentos de acordo com as nossas convicções, é ela que através do instinto nos avisa do perigo. E o mais importante: é a pele da alma que mantém o nosso self intacto, para não perdemos o que temos de mais importante, e definharmos nos caminhos da vida.

A história nos conta o que acontece com uma mulher quando ela perde a sua alma. Ela fica vulnerável e frágil, perde sua capacidade de sentir e de ver, é obrigada a viver de acordo com os valores e a cultura dos outros. Ela fica acuada e exposta, perde a sensibilidade com as coisas, perde a capacidade de sentir dor ou prazer, ela não consegue mais proteger a sua própria individualidade, seu self, sua alma.

Clarissa comenta algumas situações que podem nos fazer perder a nossa ‘pele’: nos tornarmos demasiadamente envolvidas com o trabalho, nos cobrarmos de mais, nos exigirmos demais, querer tudo perfeito, o tempo inteiro, se esforçar mais do que o necessário para a realização material, entrar em relacionamentos prejudiciais, etc. Um dia você acorda, se olha no espelho, e percebe que está insatisfeita. O diagnóstico para quem perdeu a pele é simples: você não consegue mais encontrar as coisas que têm valor para você, o lugar ao qual pertence e o que estava procurando quando iniciou sua jornada na vida. Você não consegue pensar em como sair dessa situação, não sabe como voltar a ser você mesma, não consegue mais perceber o quanto as situações e relacionamentos estão te custando, e anda tomando decisões bem erradas. A única coisa que sente com clareza é que não pertence àquela vida, àquele mundo. Está na hora de voltar para casa!

“Sabemos que as más decisões ocorrem de inúmeras formas. Uma mulher casa-se cedo demais. Outra engravida muito jovem. Ainda outra fica com um parceiro errado. Outra renuncia à sua arte para "ter coisas". Outra se vê seduzida por uma série de ilusões; outra, por promessas; outra, por "ser boazinha" demais e não ter alma suficiente; ainda outra, por ser visionária ao extremo e lhe faltar os "pés no chão". E nos casos em que a mulher vive só com metade da pele da alma, não é necessariamente porque suas decisões estão erradas mas porque ela se mantém afastada do seu lar espiritual por muito tempo, começa a se ressecar e é de ínfima utilidade para qualquer um, menos ainda para si mesma. Existem centenas de meios para se perder a pele da alma.”

Psicologicamente, uma mulher que perdeu a pele da alma, não se comporta e reage como ela é, mas como ela acha que deve. Fica vulnerável à influência de pessoas mais fortes, ou situações paralisantes. E deixa tudo para depois. Ah, quem nunca agiu assim? Mas o perigo mora quando a mulher se recusa a dar o próximo passo, a fazer a jornada necessária para reconstruir a sua pele protetora, a ficar onde está até conseguir entender como vai sair.

Você anda se sentindo assim? Então está na hora de reconstruir a sua pele, de voltar para sua casa!

“A pele na história não é tanto um objeto mas a representação de um estado de sentimento e de um estado de ser — um estado que é coeso, profundo e que pertence à natureza feminina selvagem. Quando a mulher se encontra nesse estado, ela se sente inteiramente dona de si mesma, em vez de se sentir fora de si mesma, a se perguntar se está agindo corretamente, se está pensando certo. Embora esse estado de comunhão "consigo mesma" seja um estado com o qual ela ocasionalmente perca contato, o tempo que ela anteriormente passou ali a sustenta enquanto ela se dedica ao seu trabalho no mundo. A volta periódica ao estado selvagem é o que reabastece suas reservas psíquicas para seus projetos, sua família, seus relacionamentos e sua vida criativa no mundo objetivo.”


Lição do Dia: checando a minha capacidade de proteger minha essência contra as agressões externas.

Pendências: Bom, o final de semana deprê trouxe um milhão e meio de pendências: deixei de tomar o anticoncepcional e tive uma menstruação de nível hemorrágico. Deixei de me alimentar bem e quase desmaiei no metrô. Briguei com o namorado sem nenhum motivo para isso. Deixei as contas da semana atrasarem. Agora é correr para apagar o fogo!

Leia o conto Pele de Foca, Pele da Alma completo:  http://querocorrercomoslobos.blogspot.com/p/pele-de-foca-pele-da-alma.html   

Escreva para a Vero: eueoslobos@gmail.com

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