Capítulo 10 – As águas claras: O sustento da vida criativa
Contos: La Llorona, A Menininha dos Fósforos e Os três Cabelos de Ouro
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Afugentando a fantasia criativa
“Existem três tipos de fantasias. O primeiro é a fantasia do prazer: uma espécie de sorvete mental, exclusivamente destinada à fruição, como quando sonhamos de olhos abertos. O segundo tipo de fantasia é a formação intencional de imagens. Essa fantasia é como uma sensação de planejamento. Ela é usada como veículo para nos levar a agir. Todos os sucessos — psicológicos, espirituais, financeiros e criativos — começam com fantasias dessa natureza. E existe ainda o terceiro tipo, aquela fantasia que paralisa tudo. É o tipo de fantasia que impede a ação adequada nos momentos críticos.”
E jogue a primeira pedra quem aqui nunca fantasiou! Quando Clarissa fala sobre nossas fantasias psíquicas ela deixa bem claro que existem algumas que são benéficas para nossa saúde mental e para a nossa vida, e outras que são letais.
As fantasias do primeiro tipo, que ela compara com ‘sorvetes mentais’ são aquelas que nosso cérebro cria apenas para o nosso entretenimento. Assim como as crianças que usam o mundo da fantasia para entreter e para aprender enquanto brincam, assim são as nossas fantasias quando adultos. De olhos abertos, nos deixamos levar pelo prazer de encadear acontecimentos, cenas, diálogos. Eu adoro dizer que é uma das muitas formas dos adultos brincarem, assim como fazem as crianças, é o nosso ‘faz-de-conta’.
O segundo tipo de fantasia é o que a psicologia cognitiva e a programação neuro linguística tanto insiste para que agente faça, faça bem e faça sempre. Visualizar e imaginar novos passos para a nossa vida, situações que queremos viver, lugares que queremos conhecer, e a pessoa que queremos ser não apenas é prazeroso, mas ajuda o nosso cérebro a criar rotas para que esses sonhos sejam transformados em realidade. Muitas das coisas que já fiz na minha vida foram fruto dessas fantasias que me acometiam hora ou outra e me faziam pensar no clássico ‘Porque não?’. Se conseguirmos focar com bastante atenção nessas fantasias, teremos mais chances de alcançar os nossos sonhos e construir o futuro que tanto queremos.
Com o que você costuma fantasiar? Que desejos estão codificados nessas fantasias? Que vida você fantasia em ter? Que pessoa você fantasia em ser? Hora de colocar essas fantasias no papel, e começar a pensar em como pode realizá-las!
O terceiro tipo de fantasia é a que Clarissa chamou de fantasia letal. É aquela fantasia que usamos para nos anestesiar do mundo real, nos isolar dos problemas do dia-a-dia, e fugir das situações que não queremos encarar. È o tipo de fantasia das mulheres que mentem para si mesmas. A vida delas está uma grande porcaria, mas elas insistem em dizer que tudo está mil maravilhas. É a fantasia que uma mulher cria quando está apaixonada e não é correspondida: prefere acreditar que por falta de tempo, porque trabalha muito, ou por qualquer outro motivo, o homem de seus sonhos não pode estar com elas. Porque se pudesse, ele estaria! Mulheres que se relacionam como parceiros abusivos ou indiferentes também costumam criar um mundo de fantasia onde o relacionamento é perfeito e o parceiro, o próprio príncipe encantado.
São essas mulheres que costumam arrumar um milhão e meio de desculpas para não correr atrás dos seus sonhos, encontrando justificativas e poréns em todas as saídas existentes. Elas estão tão inebriadas com a fantasia que criaram, como uma droga, que não conseguem enxergar um palmo diante do nariz.
“É que esse tipo de fantasia nos deixará mortas sem a menor dúvida. Você sabe como essas fantasias letais se apresentam, "Um dia quem sabe..."’’Se ao menos eu tivesse...", "Ele vai mudar..." e "Se eu só aprender a me controlar... quando eu realmente estiver pronta, quando eu tiver XYZ suficiente, quando as crianças crescerem, quando eu me sentir mais segura, quando eu encontrar outra pessoa e logo que eu...", e assim por diante.”
“Isso aparece com evidência na vida da mulher. Ela está determinada a entrar para a faculdade, mas demora três anos para decidir qual prefere. Ela vai fazer aquela série de quadros mas, como não tem um lugar em que possa exibir o conjunto, não dá prioridade à pintura. Ela quer fazer isso ou aquilo, mas não reserva tempo para aprender, para desenvolver bem sua sensibilidade ou sua técnica. Ela tem dez cadernos cheios de sonhos, mas fica enredada no seu fascínio pela interpretação e não consegue pôr em ação seu significado. Ela sabe que deve sair, começar, parar, avançar, mas não faz nada disso.“
Já diz o ditado que as pessoas aprendem pela dor ou pelo amor. Eu concordo plenamente com essa informação. As pessoas aprendem pela dor quando chegam num limite de frustração, de pressão, de vazio, que a única coisa a fazer é ou levantar a bunda da cadeira ou se permitir definhar até o fim. Eu sou do tipo que aprendi realmente pela dor. Acho que só não me perdi no limbo porque estava rodeada de pessoas que me amavam e que me obrigavam a ter uma vida aparentemente normal, enquanto eu reunia forças para sair do poço em que me encontrava. Felizmente, existem pessoas que aprendem pelo amor. E essas, eu admiro como os grandes heróis e heroínas da modernidade. Essas pessoas conseguem ir traçando rotas para a sua vida que se aproximem sempre do que elas consideram ideal, das coisas pelas quais são apaixonadas, e do comportamento que consideram exemplar.
As pessoas que precisam da dor para aprender são as mais capazes de transformar seus sonhos em fantasias letais. Portanto , se você está se identificando com esse grupo, assim como eu, está na hora de cortar esse tipo de fantasia do seu cardápio mental, e começar a alimentar aquelas que vão te motivar a ter uma vida mais realizada. Como eu já disse aqui um milhão de vezes: nossos pensamentos geram nossos sentimentos, que geram nossas decisões, que geram nossas ações, que trazem resultados. Então se você não está satisfeita com os resultados que anda tendo na sua vida, hora de começar a modificar o início da cadeia: os seus pensamentos.
“Quando a mulher tem seus sentimentos congelados, quando ela não consegue mais se sentir, quando seu sangue, sua paixão, não mais atingem as extremidades da sua psique, quando ela está desesperada; em todos esses casos, uma vida de fantasia é muito mais agradável do que qualquer outra coisa ao alcance dos seus olhos. A psique começa a se iludir. Ela agora vive no fogo de fantasia da satisfação de todos os anseios. Esse tipo de fantasia é como uma mentira. Se você a repetir com bastante freqüência, começará a acreditar nela.”
Lição do Dia: alimentando as fantasias construtivas.
Pendências: dentista, dentista, dentista!
Leia os três contos: La Llorona, A Menininha dos Fósforos e Os três Cabelos de Ouro: http://querocorrercomoslobos.blogspot.com/p/os-tres-contos-la-llorona-menininha-dos.html
Escreva para a Vero: eueoslobos@gmail.com
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