quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Dia 66 – Ego X Alma

Capítulo 9 – A volta ao lar: O retorno ao próprio Self

Conto: Pele de Foca, Pele da Alma
(Link para a história completa no menu à direita)

O homem solitário

Em outubro, quando conversamos sobre as fases do amor com o conto ‘Mulher-Esqueleto’ eu escrevi sobre os problemas que podem acontecer quando entramos num relacionamento com o ego, e não com a alma, com a cabeça, e não com o coração. Acho bacana que Clarissa tenha voltado à esse tema, mas desta vez com um ponto de vista bem mais amplo: o da Vida em geral, não apenas dos relacionamentos. Acho que depois desses três meses já estamos prontas para mergulhar de vez numa auto-análise sobre nossas verdadeiras motivações de vida.

O nosso ego é o responsável por cuidar da nossa vida prática e material. Ele é extremamente necessário para a saúde da nossa psique. Embora muitas vezes as pessoas se refiram ao ego como um elemento negativo, apenas quando ele extrapola os limites da sua função é que se torna prejudicial para a nossa personalidade.

“A função prática da subserviência da alma ao ego ocorre para que nós conheçamos o mundo, para que aprendamos os meios de conseguir as coisas, como trabalhar, como diferenciar o que é bom do que não é tão bom assim, quando agir, quando ficar parada, como conviver com as pessoas; para que nos inteiremos da mecânica e das maquinações da cultura; para que saibamos manter um emprego, segurar um bebê no colo, cuidar do nosso próprio corpo, cuidar dos negócios... todos os aspectos da vida objetiva.”

Já a nossa alma cuida de questões muito mais sutis e mais importantes: é ela quem responde pelos nossos valores, princípios e ideais, pela nossa filosofia de vida (o que me faz feliz e para onde eu vou) e pelo aprendizado das nossas emoções e sentimentos. O ego DEVE estar subordinado à alma, no sentido de que é ele que vai trazer os sonhos da alma para serem realizados no mundo concreto. O ego subordinado à alma é a representação de uma pessoa 100% saudável.

Sabendo disso, gostaria de comentar com vocês dois problemas que podem surgir quando não estamos completamente equilibradas:

Problema I - O que acontece quando não conseguimos fazer esses dois aspectos de nossa psique trabalharem juntos?

Problema II - O que acontece quando nossa alma fica submissa ao ego?

O que acontece quando não conseguimos fazer esses dois aspectos de nossa psique trabalharem juntos?

Resposta simples: nossa vida prática não se desenvolve de modo organizado, logo ela não consegue dar suporte para os seus sonhos. Sabe quem se encaixa perfeitamente nessa categoria? EU! Desde que comecei o blog estou me esforçando com afinco em conseguir organizar a minha vida prática. Eu acabei ficando refém dos meus problemas no mundo concreto, e minha vida começou a andar em círculos! Fiquei anos tentando resolver meus problemas de grana e emprego, e isso fez com que eu me afastasse cada vez mais dos meus verdadeiros objetivos: descobrir o caminho para ser feliz. A solução para esse problema já é bem menos simples do que o seu diagnóstico. Décadas de maus hábitos tornaram a mudança de comportamento bem mais complicada de ser realizada. E aqui estou eu, um passinho de cada vez, tentando colocar as coisas em ordem. Sei que só vou conseguir ser plenamente livre para filosofar, quando meus problemas de subsistência estiverem encaminhados.

O que acontece quando nossa alma fica submissa ao ego?

É disso que trata o conto ‘Pele de foca, pele da alma’, o roubo da nossa pele pelo homem solitário. A pele representando a nossa alma, e o homem solitário, o nosso ego.

“Nessa linha, consideremos que o homem solitário que rouba a pele de foca representa o ego da psique da mulher. A saúde do ego é muitas vezes determinada pela eficácia com a qual medimos as fronteiras do mundo concreto, pela firmeza com a qual nossa identidade foi formada, pela exatidão com que diferenciamos o passado, o presente e o futuro, bem como pelo nível de coincidência das nossas percepções com a realidade consensual. É um tema eterno na psique humana o de que o ego e a alma lutem pelo controle da força da vida.”

Como podemos diagnosticar esse problema?

O ego é aquele que quer realizar os nossos desejos carnais: o prazer imediato vindo das coisas materiais. É o nosso ego que gosta do luxo e do conforto, é ele que gosta de dinheiro, é ele que nos faz devorar quilos de comida, que nos faz ficarmos preguiçosas e nos largar no sofá a noite inteira. É ele que nos convence de que temos que tomar sempre o caminho mais fácil, o que apresenta menos risco e menos desconforto. É ele que busca o tempo inteiro aprovação das pessoas à sua volta. Se estivéssemos numa cultura onde as pessoas fossem valorizadas pela sua honra e sua ética, teríamos menos danos. Mas vivemos numa selva capitalista, que valoriza as pessoas pelo que elas têm e não pelo que elas são. Então nosso ego, em busca dessa valorização, vai atrás do que a nossa cultura considera bom: dinheiro, status e poder sobre os outros.

Quantas pessoas decidem a carreira que vão seguir pelo status que ela pode proporcionar? Quantas mulheres escolhem o parceiro para casar pela vida que ele pode oferecer? Quantas mulheres se tornam mãe por buscarem aprovação?

Na melhor das hipóteses, boas pessoas que têm sua alma submissa ao ego vão passar a vida inteira buscando conquistas no mundo material, e perceber já no final da vida, que nunca realizaram seus verdadeiros sonhos. Na pior das hipóteses, pessoas com uma índole duvidosa ou com problemas psiquiátricos, podem desenvolver comportamentos psicopáticos, para conseguir realizar os desejos do seu ego à custa dos outros.

Se você se enquadra no segundo problema, o conto ‘Pele de foca, pele da alma’ foi escrito para você. Vamos continuar com a nossa leitura identificando as lições que ele apresenta para tirarmos a nossa alma dessa submissão.

“Assim, faminto pela alma, nosso próprio ego rouba a pele. "Fique comigo", sussurra ele. "Vou fazê-la feliz, isolando-a do seu self profundo e dos seus ciclos de retorno ao lar da sua alma. Vou fazê-la muito, muito feliz. Por favor, por favor, fique." E então, como é corriqueiro que aconteça no início da formação da individuação feminina, a alma é forçada a entrar em relacionamento com o ego.”


Lição do Dia: lembrando da importância da minha vida material ser mais organizada.

Pendências: desconfiada do mês de dezembro. Minha situação financeira sempre piora na época das festas. (Porque será? rs)

Leia o conto Pele de Foca, Pele da Alma completo:  http://querocorrercomoslobos.blogspot.com/p/pele-de-foca-pele-da-alma.html   

Escreva para a Vero: eueoslobos@gmail.com

2 comentários:

Amélie Poulain disse...

Oi Vero!!!

Vim agradecer!
Agradecer as palavras, o incentivo, agradecer a força que vc me deu, e dá, sem nem saber!

Em relação a 2011, que eu consiga mesmo essa maturidade emocional, esse auto conhecimento que tanto procuro, e que eu consiga - ou pelo menos me esforce mais para conseguir - me manter no caminho!
As conquistas materiais deste ano tiveram um gosto diferente... passei uns perrengues emocionais em 2008, que refletiram em 2009 financeiramente, entao, comprar o ape e o carro tem um sabor muito especial!
E agora me vejo, e me sinto, tão mais madura, tão mais completa, e tão mais feliz...

Bom, é isso!
Ia responder lá no bloguito mesmo, no seu coments, mas achei melhor aportar por aqui...
Adoro o q vc escreve!

E que chegue logo os últimos dias de 2010 então, p/ q eu leia a sua retrospectiva!!! Fiquei curiosa!

Beijao!

E obrigada por tudo! Sempre!!

Anônimo disse...

Oi,Vero,encontrei vc por acaso,buscando outro assunto.Gostei muito do que li, e li quase tudo.Tenho 74 anos e ainda estou no meu " curso primário" de aprendizado de vida.Tenho o livro,é meu livro de referência, e lendo seu blog decidi comprar um exemplar para presentear minha neta, que tem 24 anos. Não preciso dizer que virei "tiete" Agradecida e feliz 2011 pra vc. Nonna gps.