sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Dia 75 – O sucesso

Capítulo 9 – A volta ao lar: O retorno ao próprio Self

Conto: Pele de Foca, Pele da Alma
(Link para a história completa no menu à direita)

A ecologia inata às mulheres

“Sabemos que não podemos viver uma vida confiscada. Sabemos que há uma hora em que as questões dos homens e as questões do mundo precisam ser abandonadas por algum tempo. Aprendemos que somos como anfíbios. Podemos viver na terra, mas não para sempre, não sem viagens à água e ao lar. Culturas excessivamente civilizadas e repressoras tentam impedir as mulheres de voltar para casa. Infelizmente, ocorre muitas vezes que ela seja espantada de perto da água até que definhe e perca o brilho.”

Ontem eu estava conversando com meu namorado sobre os planos que cada um de nós temos para o ano de 2011. Alguns pontos dessa conversa me trouxeram insights maravilhosos, e eu quero compartilhar alguns deles com vocês.

Meu namorado teve uma criação protestante muito forte. Embora ele tenha abandonada a sua religião familiar na adolescência, a cada ano que passa percebo que os princípios protestantes estão enraizados em sua psique. Ele não reza, não acredita em deus, nem em céu, nem no inferno. Mas ele é uma das almas mais evoluídas que eu já conheci. É impensável para ele desejar mal ao próximo, ele é incapaz de fazer mal a alguém ou pensar mal de alguém. Ele não consegue levar rancor nem mágoa de nenhum ser humano, mesmo que essa pessoa o tenha machucado. É um poço de perdão ambulante!

Quando se trata da vida prática, material e financeira, seus princípios também estão muito impregnados pelo protestantismo. Ele acredita no trabalho como fonte de todas as coisas. Ele acredita que é o trabalho que vai dar tudo o que ele mais deseja. Sim, ele procura se tornar bem sucedido, mas esse sucesso é relativo: o prazer que meu namorado tem não vem das coisas que conquistamos, mas do trabalho em si. Ele sente prazer tendo novas idéias, planejando como vai colocá-las em prática, desenvolvendo projetos, colhendo resultados. Como tudo na vida, isso também tem um lado negativo: ele é um clássico workaholic, vive ansioso e estressado! Ele sonha em um dia ter renda suficiente e bens materiais para ter uma grande estabilidade financeira, e aí sim poder se dedicar aos seus projetos pessoais sem a necessidade de obter lucro.

Esse é o ponto que nós dois mais discutimos. Para mim é impensável você ter um projeto de vida onde no caminho para alcançar suas metas você vai viver dormindo pouco, se sacrificando, abandonar sua vida social, abrir mão do lazer. Eu sei que o trabalho em si dá prazer para ele. Mas não me parece uma troca justa! Se daqui há 10 anos ele continuar não tendo os resultados que queria, vai ter valido à pena abrir mão de tudo? Para ele vai... Como eu disse, escondido sob a pele liberal, vive um bom e velho protestante. O trabalho enobrece o homem!

Eu sou o seu extremo oposto. Embora eu acredite na necessidade do trabalho, para mim ele é apenas o suporte para o meu prazer de vida. Eu trabalho porque preciso pagar as minhas contas, porque preciso de dinheiro para sustentar o meu prazer. Lembro até hoje quando eu comecei a trabalhar pela primeira vez. Eu cheguei cansada um dia em casa e pensei: é isso? Eu vou perder a maior parte das horas do meu dia construindo os sonhos de outra pessoa? Vou passar a minha vida inteira enriquecendo meus chefes? E eu???

Não,o trabalho tem que me dar muito mais do que isso!

Eu quero um trabalho que me proporcione o maior numero de experiências possíveis. Um trabalho que me dê a oportunidade de ter grandes experiências de vida: conhecer novos lugares, conhecer novas pessoas, entrar em contato com novas coisas. Eu quero um trabalho que não me prenda, mas me liberte: eu quero horários flexíveis!

Quando eu projeto a imagem de uma Vero bem sucedida, sabem o que eu penso? Eu penso num estilo de vida! Não um cargo, não uma posição de poder, não uma determinada quantia na conta bancária. Para mim o sucesso é a liberdade de fazer o que eu amo e ganhar dinheiro com isso sentindo o máximo de prazer possível no processo!

E aí meu namorado protestante virá para mim é diz: ’Você é louca? Você vai usar o seu livre arbítrio para escolher uma vida sem segurança, sem estabilidade, com um monte de riscos?’

Sim, eu vou.

‘Você está escolhendo o caminho difícil Vero! Você precisa primeiro se estabilizar, ter uma renda boa, comprar seu apartamento, casar, ter seus filhos, se tornar bem sucedida, e aí sim, você vai poder fazer o que você quiser!’.

E aí tivemos novamente a conversa de que para mim liberdade é nunca casar, é nunca comprar um imóvel, é não fixar raízes. E ele me perguntou preocupado, como é que ele podia sentir segurança no nosso relacionamento se nossos planos são tão diferentes. E eu respondi: ‘Isso é uma das coisas que só o futuro dirá! Eu posso mudar de idéia amanhã, ano que vem, ou daqui há dez anos. Eu posso nunca mudar de idéia. Não espere que eu seja coerente ou estável. Essa segurança que você espera que eu te dê, ninguém pode te dar.’

Eu não vou permitir que meus sonhos e desejos, nem que o meu simples prazer, sejam adiados porque me dizem que eu preciso conquistar algumas coisas antes de poder me jogar no mundo. Eu vou me jogar no mundo porque essa é a única forma que eu vejo de ir atrás das coisas que eu realmente quero.

“É dito na história que são muitos os que tentam caçar a alma para capturá-la e matá-la, mas que nenhum caçador o consegue. Mais uma referência nos contos de fadas à indestrutibilidade da alma selvagem. Mesmo que tenhamos trabalhado, feito sexo, descansado ou brincado fora dos ciclos, isso não mata a Mulher Selvagem; só nos deixa exaustas. O lado bom consiste em podermos fazer as correções necessárias e voltar aos nossos próprios ciclos naturais. É com o amor e o cuidado com nossas fases naturais que protegemos nossa vida para que ela não seja arrastada pelo ritmo de outra pessoa, pela dança de outra pessoa, pela fome de outra pessoa. É através da legitimação dos nossos ciclos distintos para o sexo, para a criação, o descanso, o lazer e o trabalho que reaprendemos a definir e a discriminar todos os nossos sentidos e fases selvagens.”


Lição do Dia: tomando a responsabilidade para viver a vida do meu jeito.

Pendências: algumas idéias sobre o próximo passo profissional já estão se formando.

Leia o conto Pele de Foca, Pele da Alma completo:  http://querocorrercomoslobos.blogspot.com/p/pele-de-foca-pele-da-alma.html   

Escreva para a Vero: eueoslobos@gmail.com

Um comentário:

Amélie Poulain disse...

"Eu não vou permitir que meus sonhos e desejos, nem que o meu simples prazer, sejam adiados porque me dizem que eu preciso conquistar algumas coisas antes de poder me jogar no mundo. Eu vou me jogar no mundo porque essa é a única forma que eu vejo de ir atrás das coisas que eu realmente quero"

Se tornou meu mantra agora!


E será por esse modo de vida que irei lutar em 2011!
E ser feliz no agora! Já!
Era exatamente disso que eu tanto sentia falta! Era exatamente isso que minha alma buscava! E é por isso que vou lutar!


Obrigada!!!!

Beijos mil!