terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Dia 72 – Pressentindo a Morte chegar

Capítulo 9 – A volta ao lar: O retorno ao próprio Self

Conto: Pele de Foca, Pele da Alma
(Link para a história completa no menu à direita)

A mulher medial: a que respira debaixo d'água

“Existe no âmago de todas as mulheres o que Toni Wolffe, uma analista junguiana que viveu na primeira metade do século XX, chamou de "mulher medial". A mulher medial se posiciona entre o mundo da realidade consensual e o do inconsciente místico, fazendo mediação entre eles. Ela é o transmissor e o receptor entre dois ou mais valores ou idéias. Ela é a que dá à luz novas idéias, transmuta velhas idéias por idéias inovadoras, faz a comunicação entre o mundo do racional e o do imaginário. Ela "ouve" coisas, sabe "coisas" e "pressente" o que virá a seguir.”

No caminho para me tornar essa mulher medial ando bem mais atenta aos sinais do meu instinto do que sempre estive. Já comentei anteriormente com vocês que o quanto o começo no meu atual trabalho foi difícil. È muito exaustivo termos que provar o nosso valor o tempo inteiro, sabendo que um homem na minha posição teria um caminho muito mais suave do que eu tive. E eu tenho muito orgulho das minhas conquistas profissionais porque foram todas muito suadas, e porque sei que na minha carreira nunca nada veio fácil.

Só que nos últimos meses tenho estado em crise no relacionamento com o meu trabalho. Ele não me satisfaz mais, ele não me agrega mais, não tenho nada de novo para aprender. E como se não bastasse, o fato de ser mulher e ter mais de 5 chefes homens, todos extremamente machistas, têm me sugado uma porção gigantesca da minha energia. Chegou um ponto onde o meu trabalho não me dá mais nada, enquanto eu tenho que me dar cada vez mais.

Tudo começou com uma sensação de cansaço inexplicável. Eu estava cansada o tempo inteiro durante o meu trabalho. Lembro do alívio que sentia quando saia do escritório, como se o peso que me puxasse para baixo durante o dia tivesse sido deixado em cima da minha mesa. Alguns meses depois eu comecei a me sentir cansada também fora do trabalho. Não tinha mais pique para fazer nada, nem um programinha caseiro, nem uma conversa com bons amigos. Comecei a ter uma sensação horrível de estar presa, amarrada, boicotada, mutilada. Sentia uma espécie de claustrofobia emocional. Um dia lembro que acordei com uma sensação estranhíssima, mas muito certeira, de que eu não conseguiria caminhar nem mais 1 cm se continuasse nesse trabalho. Como se algo, o ambiente, as pessoas e o trabalho em si, tivessem podando qualquer possibilidade da minha alma evoluir.

Nessas últimas duas semanas isso piorou. Vocês acreditam que eu ando sonhando com o trabalho? Sem parar! Tenho 2 ou 3 sonhos por noite, e em todos eles é como se eu estivesse realmente trabalho, só que sempre tendo que resolver mil problemas urgentes. Acordo mais cansada e estressada do que quando fui dormir.

Tenho certeza que se isso me acometesse há alguns anos atrás, eu simplesmente ignoraria e continuaria trabalhando, até que um belo dia qualquer motivo estúpido seria a gota d’água e eu teria uma explosão de stress que me faria largar o emprego do dia para a noite. Acreditem, já perdi a conta de quantas vezes isso aconteceu! Mas desde que me comprometi a fazer essa jornada de auto-conhecimento, estou muito mais antenada aos sinais do meu instinto, e muito mais disposta a ser honesta com os meus sentimentos.

O que antes era um plano para daqui há 8 meses, agora virou prioridade: preciso mudar de emprego! E só saber disso, só de ter tomado essa decisão, já senti uma nova onda de energia vinda lá de dentro da minha alma, como uma auto-motivação para seguir adiante. Logo, vou aprender com os meus erros: ficar calma, continuar cumprindo com as minhas responsabilidades, procurar um novo emprego e quem sabe, conseguir cumprir um aviso prévio pela primeira vez na vida?

Estou muito, mais muito orgulhosa de mim por estar conseguindo aceitar que o meu tempo nesse trabalho acabou, que já cumpri o que deveria fazer nele. Nosso ciclo se encerra e chegou a hora de eu aceitar a Morte de mais uma etapa na minha vida. Também sei que se cheguei nesse ponto é porque demorei um pouco demais, então fico com mais uma lição para aprender.

Lá vou eu enfrentar o medo de não ser aceita, de não conseguir, de fracassar. Eu sei que faz parte. Todo fim de relacionamento é dolorosa porque a perda dói. Então coragem Vero, para enfrentar mais esse fim na sua vida: você acaba de dar mais um passo adiante na sua jornada!

“A mulher-foca, o self da alma, passa pensamentos, idéias, sentimentos e impulsos de dentro d'água até o self medial, que por sua vez leva os mesmos até a terra e até a consciência no mundo objetivo. O sistema também funciona no sentido inverso. Os acontecimentos da nossa vida diária, nossos traumas e alegrias passadas, nossos temores e esperanças para o futuro, todos são passados diretamente à alma, que tece seus comentários nos nossos sonhos, manifesta seus sentimentos através do nosso corpo ou nos fisga com um momento de inspiração com uma idéia na ponta.”


Lição do Dia: aceitando a Morte e seu papel de trazer mais vida logo adiante.

Pendências: recebendo um dos meus melhores amigos em casa para o final do ano, e preparando tudo para a sua chegada.

Leia o conto Pele de Foca, Pele da Alma completo:  http://querocorrercomoslobos.blogspot.com/p/pele-de-foca-pele-da-alma.html   

Escreva para a Vero: eueoslobos@gmail.com

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