sábado, 11 de setembro de 2010

Dia 1 - Introdução

“Quais os sintomas associados aos sentimentos de um relacionamento interrompido com a força selvagem?

Usando-se exclusivamente a linguagem das mulheres, trata-se de sensações de extraordinária aridez, fadiga, fragilidade, depressão, confusão, de estar amordaçada, calada à força, desestimulada. Sentir-se assustada, deficiente ou fraca, sem inspiração, sem ânimo, sem expressão, sem significado, envergonhada, com uma fúria crônica, instável, amarrada, sem criatividade, reprimida, transtornada.

Sentir-se impotente, insegura, hesitante, bloqueada, incapaz de realizações, entregando a própria criatividade para os outros, escolhendo parceiros, empregos ou amizades que lhe esgotam energia, sofrendo por viver em desacordo com os próprios ciclos, superprotetora de si mesma, inerte, inconstante, vacilante, incapaz de regular a própria marcha ou de fixar limites.

Não conseguir insistir no seu próprio andamento, preocupar-se em demasia com a opinião alheia, afastar-se do seu Deus ou dos seus deuses, isolar-se da sua própria força de revitalização, deixar-se envolver exageradamente na domesticidade, no intelectualismo, no trabalho ou na inércia, porque é esse o lugar mais seguro para quem perdeu os próprios instintos.

Recear aventurar-se ou revelar-se, temer procurar um mentor, mãe, pai, temer exibir a própria obra antes que esteja perfeita, temer iniciar uma viagem, recear gostar de alguém ou dos outros, ter medo de não conseguir parar, de se esgotar, de se exaurir, curvar-se diante da autoridade, perder a energia diante de projetos criativos, enconlher-se, humilhar-se, ter angústia, entorpecimento, ansiedade.

Ter medo de revidar quando não resta outra coisa a fazer, medo de experimentar o novo, medo de enfrentar, de exprimir sua opinião, de criticar qualquer coisa, sentir náuseas, aflição, acidez, de sentir-se partida no meio, estrangulada, conciliadora e gentil com extrema facilidade, de ter sentimentos de vingança.

Ter medo de parar, ter medo de agir, contar até três repetidamente sem conseguir começar, ter complexo de superioridade, ambivalência e, no entanto, não fosse por isso, ser plenamente capaz, em perfeito funcionamento.” - Introdução do livro Mulheres Que Correm Com os Lobos.

Eu passei por vários tipos diferentes de terapia antes de começar com a minha atual terapeuta.

O segundo terapeuta que tive na vida, era da linha do psicodrama. Nunca gostei de teatro e nunca fui muito interessada em artes em geral. Mas a técnica dele era extremamente eficaz. Como funcionava? Ele criava uma situação fictícia, onde eu estaria entrando em confronto direto com um problema. No faz de conta ele me fazia perceber o que eu estava sentindo diante daquela situação. Raiva, tristeza, desespero, angústia, impotência, qualquer sentimento era válido. Ele permitia que eu sentisse essas emoções durante um tempo e me sentisse tomada por elas.

No momento seguinte ele me pedia para sair daquela situação e olhar para a Vero, eu mesma, paralisada pelo medo. Como ela está? O que ela está sentindo? Porque ela sente isso? E então ele me pedia para olhar para aquela mulher, e dar conselhos para ela. O que você acha que ela devia fazer? Como você acha que ela devia agir? Que caminhos você vê para ela resolver esse problema?

Essa era a parte mais interessante: a hora que eu conseguia me ver de fora, analisar a situação que antes me amedrontava, e perceber que resolvê-la estava mais fácil do que eu imaginava. O terapeuta conseguia que eu confrontasse meus problemas, ficasse consciente dos meus sentimentos, entendê-los e começar a resolvê-los.

O texto que eu coloquei acima tem algo em comum com essa história. O limbo emocional que eu me encontro me faz perder muito da consciência de cada uma das emoções que tenho sentido. Venho trabalhado muito na identificação de cada uma dessas emoções. O que eu sinto, como eu sinto, em que situação eu sinto. É a partir dessa identificação que eu vou conseguir entender quais são as situações que me fazem sentir assim e porquê.

Quando estamos num momento de caos emocional, não conseguimos agir e sair dele. Nosso racional fica paralisado. E nosso instinto básico de sobrevivência nos faz querer sair correndo. A primeira coisa que temos que fazer, é encarar de frente o que estamos sentindo e viver cada uma dessas emoções com a plenitude do nosso corpo.

Eu, Vero, tenho medo. Medo de perder as pessoas, de não ser capaz, de fracassar, do novo, de não ser aceita, de não conseguir, de ficar sem dinheiro, de ficar desempregada, de exigir melhor tratamento, de dizer "não" quando é demais, de dizer "sim" quando eu quero, de que não sou o suficiente, de que não vão me levar à sério, de que não vai dar certo.

Antes eu achava que esse medo era um dos problemas. Agora vejo que é um dos sintomas de que tem algo desequilibrado dentro de mim.

E você, quais são os sentimento que estão bloqueando sua capacidade de reagir?

Lição do Dia: aprendendo a identificar os sintomas dos meus problemas e entendendo melhor o que eu sinto.

Um comentário:

Petit Gabi disse...

Como prometido, estou aqui acompanhando sua trajetória através desse blog. É angustiante ler suas palavras, mas tenho certeza que de uma certa maneira, vou conseguir aprender algo valoroso com isso.

Beijo!