sábado, 25 de setembro de 2010

Dia 9 - Porque você levanta todo dia de manhã?

Capítulo 3 – Farejando os fatos: O resgate da intuição como iniciação

Conto: Vasalisa (Link para a história completa no menu à direita)

A quarta tarefa – Encarar a Megera Selvagem

“As tarefas desse encontro são as seguintes: ser capaz de suportar o rosto apavorante da Deusa Selvagem sem hesitar. Familiarizar-se com o mistério, a estranheza, a ‘alteridade’ do selvagem. Adotar nas nossas vidas alguns dos seus valores, tornando-nos, portanto, um pouco estranhas. Aprender a encarar um poder enorme nos outros e subseqüentemente nosso próprio poder. Permitir que a criança frágil e boazinha em excesso vá definhando ainda mais.”

“Vasalisa começou com o que poderíamos chamar de personalidade normal nivelada. É exatamente esse ‘excesso de normalidade’ que vai nos contaminando até que tenhamos uma vida rotineira e sem vida, sem que fosse isso o que realmente pretendêssemos. Essa situação estimula a negligência para com a intuição, que, por sua vez, produz a falta de luz na psique”.

Já desabafei em outros posts que tenho problemas sérios quando se trata de construir uma carreira, ou de fazer planos para o futuro. Isso acontece porque não vejo muito tesão nas coisas, e tenho a sensação que nunca pego a estrada correta. Assim, quando o tesão da novidade termina, dá-lhe jogar tudo para o alto e, de novo, colocar todas as minhas energias num projeto novo. Logo o tesão acaba novamente, e recomeço tudo de novo....

O que acontece é que todo dia de manhã eu me olho no espelho e pergunto arrasada para a minha imagem mal-humorada: “Porque você está levantando da cama, mesmo?”. Durante anos minha imagem nunca respondeu para mim.

Até a última quarta-feira. Na quarta de manhã acordei, lavei o rosto e me olhei no espelho me fazendo a mesma pergunta, mas, dessa vez, respondi para mim mesma: eu levanto da cama todo dia de manhã porque preciso de dinheiro para meus pequenos prazeres da vida, e enquanto eu não descubro minha verdadeira vocação, eu simplesmente ponho meu salto alto e vou trabalhar em qualquer coisa que me pareça atraente. É fácil não é?

“O inconsciente, ao seu modo brilhante, oferece a quem sonha uma idéia sobre o novo estilo de vida que não se restringe ao sorriso frontal e fácil de mulher ‘boazinha demais’. Encarar o poder selvagem em nós mesmas é ganhar acesso aos inúmeros rostos do feminino oculto. Eles nos pertencem de modo inato e podemos optar por incorporar os que nos forem mais convenientes a qualquer momento”.

Vou confessar uma coisa para vocês: tem um tipo de pessoa que me causa inveja. São aquelas pessoas que já descobriram sua missão na Terra, e trabalham com o que mais dá prazer para elas. Eu também quero levantar da cama todos os dias de manhã, motivada para fazer algo que me realize como pessoa. Eu quero ir trabalhar todos os dias e esquecer que também pago minhas contas com aquilo, quero apenas sentir aquela felicidade apaixonada de viver do que eu amo. Eu sonho em sentir uma satisfação plena que não vem das coisas, mas sim de mim.

Muito chamam isso de vocação. Muitos chamam de talento natural, ou até de missão espiritual Não importa o nome. Eu quero ver meus olhos brilhando no espelho todo dia de manhã! Mas como é que a gente faz para achar a nossa vocação?

Bom, a minha primeira idéia era ir testando, testando, que uma hora eu topava com ela. Tem gente que topa de primeira, e eu até hoje nunca topei. Minha segunda idéia era ir trabalhando um pouquinho com cada coisa que eu sentia afinidade. A única coisa que isso me trouxe foi um currículo esburacado, e milhões de começos sem fins. Minha terceira idéia era que eu deveria procurar minha vocação no meio dos meus hobbies. Não funcionou, comecei vários hobbies diferentes, fazia tudo que me vinha à cabeça, e nenhum deles me tocou como eu estava esperando.

Bom, depois disso tudo, caiu a minha ficha que não é o nosso lado racional que me ajudaria com isso. Porque vocação não é observada, analisada, comparada e escolhida. Vocação para mim está mais perto do que as pessoas sentem quando passam por uma experiência religiosa, quando olham para o filho recém-nascido pela primeira vez, quando ficam horas paradas olhando a chuva cair sem pensar em nada, quando meditam, quando realizam um sonho... Sabe, aquele sentimento de satisfação plena, aquela felicidade que sentimos com o corpo inteiro, com cada membro, com cada órgão, com cada terminação nervosa da pele? O não pensar, o apenas SER, naquele momento, a felicidade em si.

E isso não é racional. E esse sentimento não vem de presente quando tiramos um diploma da carreira escolhida. Eu quero me sentir assim todos os dias de manhã quando eu acordar! E não estou falando necessariamente de trabalho não.

Tenho um amigo muito engraçado que cada vez que alguém pergunta o que ele faz ele responde: “ah, tanta coisa! Eu leio os clássicos, eu jogo xadrez, eu toco guitarra, adoro cinema, e o que eu realmente amo mesmo fazer, é fotografar!”. Aí ele olha para a cara de bunda da pessoa e responde “Ah, você estava perguntando com o que eu pago minhas contas? Ah, eu trabalho como advogado! Mas isso é só o que eu faço das 8 às 5hs. Minha vida começa mesmo quando eu deixo o escritório.”

E o que eu vou usar para descobrir isso? Minha intuição, minha inteligência emocional, meus instintos, meu focinho farejador, minha mulher selvagem interior. Com toda a minha força.

“Ser forte não significa desenvolver os músculos e exercitá-los. Significa, sim, encontrar nossa própria numinosidade sem fugir, convivendo ativamente com a natureza selvagem ao nosso próprio modo. Significa ser capaz de aprender, e ser capaz de agüentar o que sabemos. Significa manter-se firme e vier.

Lição do Dia: permitindo deixar-me levar pela estranheza da vida e pelos porquês das coisas.

Pendências: deixando o trabalho em ordem para conseguir mais tempo livre para mim.

Leia o conto 'Vasalisa' completo: http://querocorrercomoslobos.blogspot.com/p/vasalisa.html

Escreva para a Vero: eueoslobos@gmail.com

2 comentários:

Carla Farinazzi disse...

Vero, que bom que abriu para comentários!!! Fico muito feliz...! Estou adorando seguir essa jornada, já te disse, está sendo muito bom pra mim.
Sabe que por mais estranho que seja, e para mim, as coisas estranhas são as melhores, encontrei minha vocação ao começar a trabalhar num parlamento, você acredita? Pois é! Nunca imaginei. Estou lá há quase 15 anos, e adoro aquilo. Nenhum dia é igual ao outro... claro que não descubri isso assim que comecei. Mas ao longo dos anos, me apaixonei pelo meu trabalho. Mesmo tendo a imagem dos políticos tão devastada atualmente. Mas não são todos... Bem, vou parando por aqui, pois me alongo demais, às vezes, rsrsrs. Mas está sendo ótimo seguir você.

Beijos

Carla Farinazzi

Aldo Liro disse...

Olá,
tb to gostando muito desse blog e fiquei a fim de comentar o que vc escreveu.
Não sei quantos anos vc tem - e tb não sei qual seu signo. Acho que isso é muito importante. EU sou de capricórnio - e portanto uma pessoa persistente.
Te aconselho procurar sempre o autoconhecimento - procurando a astrologia, o tarot a numerologia e tb a psicologia (faço terapia há muitos anos)
Sempre adorei fotografia e quis estudar comunicação e acabei me formando publicitária - não gostava do lado comercial e capitalista da profissão . Mas gostava da estética da coisa...
Logo que me formei acabei
caindo no serviço público influenciada por meus pais (que tb haviam sido) eu aproveitava o que me era possível - fazia cursos, fui morar em outra cidade por que o trabalho me proporcionou e por que queria - fazia trabalhos paralelos que eu adorava (fotografia!) .
Houve fases que odiava meu trabalho, havia me formado prá outra coisa e e aquilo era muito chato - apesar de me proporcionar tb bons momentos. Não queria ficar nessa coisa aí do seu amigo - trabalhar só prá pagar minhas contas!!! Não queria fazer coisas boas só nos fins de semana e à noite...
Mas passados 10 anos de trabalho chato e pouco criativo e já casada e com uma filha tomei a decisão de pedir demissão (coisa rara prá funcionário público). Fui apoiada pela minha mãe e meu marido e acabei virando professora de fotografia e adorando isso. Acabei entrando pro mestrado para me aperfeiçoar como professora - mas aí descobri a educação ambiental e me apaixonei por isso tb (sem deixar a fotografia) mas vi que como educadora eu poderia ter uma função mais nobre que apenas ser professora de fotografia. No fim do mestrado - outra mudança brusca: me separei do marido e acabei fazendo um concurso publico - mas agora prá trabalhar com educação ambiental. Fiquei com medo de ser funcionária pública outra vez. Mas o local que trabalho me permite ser criativa e correr atrás de meu ideal ambientalista. Sem deixar de fotografar tb! E incluindo o conhecimento em comunicação e publicidade prá incrementar o trabalho de educadora ambiental!
Eu sei bem do que gosto e graças a Deus hoje em dia gosto muito do meu trabalho! Me realizo com ele.
Todo dia acordo feliz de ter um bom trabalho em que sou bem valorizada e consigo realizar as coisas. Mas não foi tudo flores - passei maus bocados tb nesse trabalho e ainda enfrento complicações.
Hoje tenho quase 48 anos, e te digo que concordo com o que já ouvi dizerem : Deus não disse que a vida seria fácil - só disse que valeria a pena!
Acho mesmo que vale a pena!
E acho que vc tem que procurar se conhecer melhor. Prá se achar e não demorar tanto prá se sentir realizada no trabalho e na vida!