quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Dia 12 – Deixar morrer e deixar viver

Capítulo 3 – Farejando os fatos: O resgate da intuição como iniciação

Conto: Vasalisa.
(Link para a história completa no menu à direita)

A sétima tarefa – Perguntar sobre os mistérios

“As perguntas desse estágio são as seguintes: perguntar e tentar aprender mais a respeito da natureza da vida-morte-vida e de seu funcionamento. Aprender a verdade acerca da capacidade de compreender todos os elementos da natureza selvagem (‘saber demais pode envelhecer a pessoa antes do tempo’).”

“Assim, essa atitude deixar morrer, deixar viver, é muito importante. Trata-se do ritmo básico e natural que as mulheres devem compreender... e vivenciar. Captar esse ritmo reduz o medo, pois prevemos o futuro, e os maremotos e marés vazantes que ele reserva.”

Eu aprendo bastante com os outros. E não é o tipo de frase arrogante, do tipo “sempre estou aberta para ensinamentos”. Não. Eu aprendo com os outros sem perceber, e sem estar nem ao menos disposta para isso. É impressionante como esses ensinamentos sempre vêm da pessoa que eu menos espero, de alguém que está perto de mim, mas que nunca dei nenhuma atenção.

Assim que li essa parte do livro me lembrei imediatamente de C.

C. trabalhou comigo há uns três anos atrás. Ela era o tipo de funcionária que fazia tudo nas coxas, mas nunca deixava de fazer. Não era de personalidade extrovertida, mas não era caladona também, apenas reservada. Estava lá todos os dias, mas nunca chamou a atenção de ninguém. Pouquíssimas vezes dava sua opinião, e mesmo assim, só quando era pedida. Eu percebia que ela era extremamente observadora, mas deveria guardar todas as suas análises para si mesma. Mas uma coisa fácil de perceber: ela não estava feliz naquele trabalho. Numa noite, ficamos apenas nós duas na empresa para realizar tarefas ainda não terminadas. Papo vem, papo vai, ela me solta o seguinte:

- Sabe Vero. Eu não posso reclamar na situação que eu estou. Porque se estou passando por tudo isso, significa que preciso aprender alguma coisa. Alguma coisa que vai me levar para o próximo ciclo da minha vida. As coisas são assim, quando a vida bate na cara da gente, é uma forma do Universo dizer ‘Ei, quero que você aprenda alguma coisa!’. Se estamos vivendo por muito tempo as mesmas situações e os mesmos problemas, é porque ainda não descobrimos qual é a missão desse período, ainda não aprendemos a lição de hoje. Então o que eu posso fazer, é meditar e tentar encontrar a lição escondida nas situações que tenho vivido. Já estou assim faz um certo tempo, e rezo para que eu aprenda e feche logo esse ciclo.

Vocês perceberam a verdade contida nas palavras dessa menina?

Sabe aquela história de que não seríamos o que somos hoje, que não faríamos o que fazemos hoje, se não tivéssemos vivido tudo o que vivemos? Vasalisa só passa para a etapa seguinte quando conlui a anterior. Na nossa vida é assim também. Então devemos vivenciar o ciclo do presente, aprender com as lições da vida e deixá-lo morrer para que um novo ciclo comece. É assim com o dia e a noite, com as estações do ano, com um jardim. A natureza funciona assim.

“Há uma quantidade determinada de coisas que todos deveríamos saber em cada idade e em cada estágio das nossas vidas.”

Então é nesse momento que, lembrando do sábio discurso de C, eu me lembro que tenho que relaxar. Relaxar não é se acomodar. Mas é saber que faz parte. As tempestades, as bonanças, as dificuldades e as recompensas.

“Nessa parte, a Yaga faz alusão a um outro conjunto de ciclos da vida feminina. À medida que a mulher passa por eles, ela compreende cada vez mais esses ritmos femininos interiores, dentre eles os ritmos da criatividade, da parição de filhos psíquicos e talvez de filos humanos também, os ritmos da solidão, da brincadeira, do descanso, da sexualidade e da caça. Não é preciso forçar nada; a compreensão virá. Algumas coisas precisam ser aceitas como fora do nosso alcance, muito embora elas nos influenciem e nos enriqueçam.”

Lição do Dia: vivenciando meus ciclos

Pendências: deixando morrer os planos que precisam morrer

Leia o conto 'Vasalisa' completo: http://querocorrercomoslobos.blogspot.com/p/vasalisa.html

Escreva para a Vero: eueoslobos@gmail.com

2 comentários:

Lena disse...

Oi Verônica,
olha essa é parte do livro mais complicada pra mim.
Minhas meditações tem o seguinte mantra "Que eu aprenda o que é preciso com esta lição, e deixe ir o que já morreu." Foi a parte do livro que eu mais rápido compreendi, e a que demorei mais a por em prática.
O desapego é meu calcanhar de aquiles.

Verônica disse...

Pois é Lena, tenho uma dificuldade muito grande com o desapego também.

Sem perceber colecionamos 'cadáveres' de relacionamentos, planos, idéias, amizades.

Mas coleções não são vivas, são apenas lembranças do que um dia já foram, não é?

E quem vive olhando para trás não consegui perceber o que está na sua frente.

Beijos,

Vero.