segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Dia 5 – Decapitando nossos sonhos

Nesse final de semana eu estava fazendo o exercício proposto pelo Capítulo 1 do livro: o de descobrir os ossos enterrados dos nossos projetos e objetivos, que nada mais são do que os resquícios esquecidos de nossa alma. Separei um tempo para ficar sozinha, e pensar em todos os sonhos que eu havia deixado morrer e me perguntei aonde eu havia deixado escondidos os ossos desses cadáveres. Fazia muito tempo que eu não pensava nesses desejos antigos, que já alimentaram a minha alma por tanto tempo, e que haviam sido abandonados por um ou dois motivos.

Foi difícil. Lembrava de poucas coisas, meio nebulosas, sem nem conseguir me recordar direito porque raios aqueles sonhos foram meus. Então resolvi encarnar a própria detetive particular e ir atrás das minhas anotações antigas, guardadas à sete chaves numa caixa antiga de papelão.

Eu sempre fui uma pessoa de ter cadernos. Adorava cadernos, tinha um para cada tipo de anotação, mas eu acabava fazendo uma bagunça e enorme e escrevia neles tudo o que me vinha à cabeça. Receitas culinárias, listas de coisas a fazer, cartas de amor e ódio que nunca seriam enviadas, links para sites interessantes, textos filosóficos, desabafos, tudo estava naqueles cadernos.

É engraçado como o que a gente escreve fica marcado com um selo da época que vivemos. Pela caligrafia, pelo conteúdo, foi fácil para mim separar as anotações em épocas boas e ruins. Depois disso feito, olhei para as duas pilhas: as anotações das épocas ruins eram 4x mais volumosas do que as das épocas boas. Talvez porque temos a necessidade de extravasar a tristeza numa folha de papel, e a felicidade costuma ser compartilhada, saltitando por aí.

O mais impressionante é que eram nas épocas ruins que eu mais escrevia sobre meus sonhos frustrados. Sobre tudo o que um dia eu quis ser e realizar, mas nunca consegui. Sobre o que eu achava que deveria fazer para ser.

A redescoberta desses sonhos perdidos foi uma das viagens mais incríveis que eu já fiz. Aconselho a todos que estão lendo a separarem um tempo para visitar o “baú das memórias” pessoal.

E o que foi que eu encontrei lá?

Centenas de listas de metas, que eu nunca cheguei a cumprir. Listas e listas sem fim, de anos e estações diferentes sempre com os mesmos itens. Em todas as listas eu poderia colocar um título bem grande em vermelho escrito: “antes de fazer o que eu sonho, eu preciso ....”

Como é que a gente conseguir fazer as mesmas listas de metas todos os anos, e nunca se indignar que nunca conseguimos cumpri-las?

Como é que eu permito que listas de pendências intermináveis sejam desculpas para realizar os meus sonhos?

O post de hoje é sobre o Capítulo 2 do livro, “A tocaia ao Intruso: O princípio da iniciação”, que fala exatamente do maldito predador que existe dentro de nossas psiques, que decapita nossos projetos e desejos, até que nem nos lembremos mais deles. Qual o meu predador? As malditas pendências.

Para que nunca mais eu permita que esse intruso dentro de mim, esse inimigo da minha alma, me mate aos poucos sem que eu perceba, recolhi todas as listas de pendências que tinha, e resolvi colocá-las em prática até o terminá-las!

Sem pendências na vida prática não tenho mais desculpas para não ir atrás dos meus sonhos, e crio a rotina de começar e terminar tudo o que faço.

Item a item, compartilho agora com vocês minhas metas para esse ano de jornada que se abre, e prometo escrever conforme for riscando um a um.

Vejo todos os dias o número incrível de visitas ao blog, e peço que se sintam no direito de comentar, discordar e, principalmente ME COBRAR, de cumpri-las!

Vamos lá:

1. Saúde
Palavra de ordem: hábitos.
Visitas médicas, exames, check ups. Alimentação saudável, boas horas de sono. Há décadas que quero ganhar peso e não consigo. Hora de começar a colocar o plano em prática. E mais do que na idade de começar a fazer exercício físicos.

2. Dinheiro
Palavra de ordem: controle.
Planilha financeira, renegociação das minhas dívidas, controle dos gastos. Começar uma poupança pela primeira vez na vida para conseguir investir nos meus sonhos.

3. Estudo
Palavra de ordem: rotina.
Encontrar um espaço na minha rotina, e voltar a estudar e ler os assuntos que me alimentam, um pouquinho todos os dias. Espaço também para as artes, que foram tão importantes na minha vida e estão completamente esquecidas.

4. Relações em Geral
Palavra de ordem: reavaliação.
Reavaliar quais relações presentes na minha vida, valem a pena ser salvas, quais está na hora de deixar ir, e quais preciso investir mais tempo e carinho para chegarem ao seu potencial.

5. Amor
Palavra de ordem: no carência.
Vamos começar a escolher meus parceiros amorosos pelo que eu sinto, e não mais porque eles são os namorados que sempre pedi a Deus. Relacionamentos impecáveis, mas mornos, não vão nunca me trazer as experiências e as emoções que quero viver.

6. Passado
Palavra de ordem: limpeza.
Hora de voltar a entrar nos antigos apartamentos fechados, abrir caixas, separar objetos, vender coisas, escolher doações e presentes. Deixar ir embora o que não faz mais sentido e abrir espaço para o novo.

7. Respeito
Palavra de ordem: chega de passividade.
Comprar sem medo as brigas que acho que valem a pena, dizer a minha opinião em alto e bom som, parar de julgar os outros e não aceitar ser julgada, tratar todos com o devido respeito e o dormir com a consciência de uma criança.

8. Cuidado
Palavra de ordem: para ontem.
Voltar a cuidar de mim em todos os momentos. Cuidar da saúde, da pele, do corpo, da alma. Cuidar dos meus sentimentos, dos meus pensamentos, do meu comportamento, das minhas ações. Cuidar da minha alimentação, do meu lazer, do meu prazer. Cuidar do blog.

9. Vida
Palavra de ordem: começar.
Devagar e sem pressa começar a esboçar a vida que quero para mim. O que quero fazer? Com o que quero trabalhar? Como quero ganhar dinheiro? O que vou fazer apenas pelo prazer? Que rotina quero ter? Que pessoa quero ser?

10. Tentar dar o meu melhor. Sempre e o tempo todo!

“Essa incapacidade de ver, de compreender, de perceber que nossos desejos interiores não são concomitantes com nossos atos exteriores – é esse o rastro deixado pelo noivo animal (, pelo predador natural da psique). A presença desse fator na psique esclarece o motivo pelo qual as mulheres que dizem desejar um relacionamento fazem tudo que podem para sabotar um relacionamento afetuoso. É assim que mulheres que fixam metas para estar aqui, ali ou no lugar que seja até uma certa data nem mesmo dão o primeiro passo naquela direção, ou abandonam a jornada ante a primeira dificuldade. É assim que todos os adiantamentos dão origem ao ódio na si mesma; todos os sentimentos de vergonha são reprimidos e colocados de lado para se exacerbarem; todos os recomeços tão necessários e todos os finais já há muito atrasados não se realizam. Onde quer que o predador se esgueire e atue, tudo é descarrilado, demolido e decapitado”. – Capítulo 2: A tocaia ao Intruso: O princípio da iniciação; Conto: O Barba Azul.


Lição do Dia: identificando meu predador interno, limpando as listas de pendências e abrindo espaço para o que realmente importa.

Pendências: organizando a lista e decidida a cair matando em cima dela.

Leia o conto do Barba-Azul completo:
 http://querocorrercomoslobos.blogspot.com/p/o-barba-azul.html


Quem quiser me escrever, fique à vontade: eueoslobos@gmail.com

Um comentário:

Petit Gabi disse...

De tempos em tempos eu releio velhos diários adolescentes, mas nunca fiz essa análise que você fez, apenas me divirto com o quanto eu era tola e dramática com a vida.
É isso aí! Faz tempo que quero colocar essa mesma ação em prática, mas fico pastando, sempre cansada e sendo guiada pela rotina exaustiva.
Espero que eu e você possamos conseguir dar esse passo para não parar mais a caminhada, vivendo e acreditando na nossa capacidade de ser feliz. =*