segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Dia 82 – 3º dia da Dieta Mental

E a famosa crise de ansiedade?

Pois é, tive uma esse final de semana. O curioso é que consegui identificar na lata qual foi o agente catalizador dessa crise: o filme Cisne Negro.

Não sei se já comentei por aqui, mas eu já fui bailarina clássica. Durante anos não via outro caminho para a minha vida que não fosse o caminho da dança. E um filme que gira em torno de uma bailarina obcecada pela perfeição mexeu muito comigo.

Eu saí chocada da sala de cinema! Porque eu me vi nesse filme. Não exatamente na pele da protagonista, mas me vi participando dessa neurose em atingir certas metas, certo nível de perfeição, que são absolutamente inatingíveis.

Às vezes me pergunto se minha adolescência no ballet clássico influenciou o modo como levo a minha vida. Afinal, é bem nessa época que interiorizamos a maior parte dos princípios e crenças que vamos levar para a vida adulta, e o mundo do ballet era para mim muito mais influenciador do que meu ambiente familiar ou social.

Esse meu padrão 8 ou 80, branco ou preto, certo ou errado, nem um pouco flexível ou maleável não pode ter vindo de outro lugar. Afinal, meus pais eram os próprios hipongas no meio do ambiente moderno, e eu acabei saindo com uma forma de ver o mundo quase militar.

Eu tive dois motivos para largar a carreira da dança. O primeiro motivo foi que embora eu fosse uma boa bailarina, eu nunca fui excepcional. E no mundo da dança clássica não existe espaço para pessoas medianas. O segundo motivo foi a descoberta de uma lesão permanente no joelho, que foi a gota d’água para que eu entendesse que nunca seria a bailarina que eu idealizava ser. Hoje consigo perceber que se eu tivesse sido mais determinada poderia ter me preparado para vir a ser uma ótima professora de ballet. Na época foi o conselho que recebi dos meus professores, já que a minha lesão me afastaria dos palcos para sempre. Mas não, isso eu não queria. Ou virava uma bailarina profissional ou nada feito.

Não é à toa que eu me martirizo tanto quando erro ou falho. Cada decisão profissional mal feita, cada relacionamento terminado, cada vez que eu percebo que não sou a pessoa perfeita que gostaria de ser, eu tenho uma crise de ansiedade. Porque no meu mundo mental não existe desculpa para os meus erros, eu preciso ser excepcional em tudo! Isso é tão sério, mas tão sério, que costumo me culpar por coisas que ruins que me acontecem mesmo quando não tenho culpa nenhuma!

Não consegui o emprego que eu quero? Mas também, com a bagunça que eu fiz na minha vida profissional! Fui enganada por um namorado? Bem feito pra mim, que me deixei ser enganada. Minha amiga me apunhalou pelas costas? Quem mandou eu ficar a vida inteira passando a mão na cabeça dela! E assim por diante...

Se eu pretendo seguir um caminho mais equilibrado durante a minha vida, eu preciso tomar conta desse meu lado auto-punitivo. Quando eu aceitar que não sou perfeita, e que sempre faço o melhor com o que eu tenho, vou conseguir acreditar que sim, eu mereço coisas boas acontecendo para mim!

Eu mereço um emprego melhor, eu mereço ganhar mais dinheiro, eu mereço um parceiro mais atencioso, eu mereço amigos mais leais. Eu mereço ser tratada com mais dignidade! E esse merecimento começa a partir do momento que eu me tratar com mais dignidade.

Por ter ficado o final de semana inteiro me colocando para baixo, considero isso uma recaída na dieta! Hoje voltamos ao controle mental. Um dia após o outro...


Lição do Dia: não adianta exigirmos do mundo um cuidado e um tratamento que não conseguimos dar a nós mesmas.

Escreva para a Vero: eueoslobos@gmail.com


Um comentário:

Anônimo disse...

Oi. Muito interessantes as suas colocações Veronica. Quando tiver um tempinho extra farei um "tour" pelo seu blog. Não assisti Cisne Negro e fiquei com ainda mais vontade de conferir mais um trabalho da poderosa 'Nat' Portman.
Abraços, Jana.