quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Dia 89 – E a idéia empaca (republicado)

Para continuarmos com o nosso estudo do livro vou republicar os últimos 4 posts sobre o conto iniciado em dezembro passado.

Capítulo 10 – As águas claras: O sustento da vida criativa

Contos: La Llorona, A Menininha dos Fósforos e Os três Cabelos de Ouro
(Link para as três histórias completas no menu à direita)

O veneno no rio

Clarissa nos conta que qualquer tipo de criação envolve cinco etapas básicas: a inspiração, a concentração, a organização, a implementação e a manutenção. Uma mulher que esteja enfrentando muitas dificuldades em sua vida criativa provavelmente está bloqueada nesse processo. Algumas têm várias etapas desse processo com problemas, mas a grande maioria tem uma etapa especificamente problemática, que atrapalha todo o resto.

Vamos por etapas.

Inspiração: estamos conseguindo nos inspirar? Porque muitas vezes buscamos que as coisas do mundo externo nos tragam inspiração como num passe de mágica! O mundo em que vivemos é algo extraordinário, extremamente fértil, e muito, mas muito bonito. Se não estamos percebendo essas coisas do mundo, talvez estejamos muito focadas em tarefas de pouca importância espiritual. Quantas coisas costumávamos fazer em tempos passados que nos inspiravam e não fazemos mais? Quantas vezes acordamos de manhã dispostas a olhar para o mundo como fonte de inspiração? Será que não somos nós mesmas que estamos bloqueando a inspiração?

Concentração: na história passada estávamos falando sobre a necessidade de fazer a volta ao lar. Um lugar onde entramos em solidão voluntário, e nos permitimos sentir a nossa própria companhia e entrar em contato com os lugares mais profundos da nossa psique. A nossa ‘casa’ psíquica é o melhor lugar para que a gente consiga concentração necessária para criar idéias. Com a as distrações do dia-a-dia, das pessoas à nossa volta, das responsabilidades profissionais, fica realmente muito difícil nos concentrar. E não me venham com desculpas de que ‘o mundo precisa de mim’, você é responsável também para dar espaço aos seus próprios trabalhos criativos.

Organização: eu vejo muitas pessoas se perdendo no meio do processo criativo por excesso de organização e não por falta dela. Costumamos fazer uma lista de mil coisas que precisam estar perfeitas antes de começarmos, mil tarefas de introdução necessárias, mil coisas que precisamos comprar e fazer antes disso. E nunca começamos. A organização pode tanto ser uma dádiva quanto uma maldição. Você tem o mínimo necessário para começar a trabalhar? Então comece. Agora!

Implementação: essa é a etapa onde eu tenho uma grande dificuldade. Eu me inspiro, eu me concentro, eu me organizo e.... nada da coisa rolar na prática! Infelizmente quando a nossa idéia precisa ser implementada na vida prática percebemos que vamos ter que achar espaço e tempo para ela. E uma vez que ela está pronta, é exatamente o que devemos fazer. Nada adianta estar com a idéia pronta, e nunca conseguir achar um pequeno espaço para que ela seja colocada em prática. Minha mãe, por exemplo, tem mais de dez livros escritos em casa. Mas nunca deu espaço no seu cotidiano para que fizesse os telefonemas necessários, fosse até as editoras, colocasse seus livros à prova. Medo do fracasso, preguiça, falta de saco? O que anda impedindo você de colocar as suas idéias em prática?

Manutenção: ok, chegamos até aqui e você pensa que o pior já passou não é? Engano seu. Quando escrevi que chegou a hora de eu começar a gerar novas coisas também me esqueci que o trabalho final vem depois dessa geração. Como uma mãe que gera um bebê por nove meses, por acaso o trabalho dela acaba no parto? Não! É no parto que o trabalho verdadeiramente começa. Assim nossos projetos e idéias também são bebês: precisam ser cuidados, banhados, alimentados, ninados. Caso contrário de nada adiantou toda a energia gasta na concepção e gestação, sem os cuidados e as manutenções seu projeto tende a definhar até morrer.

“Como pode a vida criativa da mulher ser poluída? Esse enlameamento da vida criativa invade todas as cinco fases da criação: a inspiração, a concentração, a organização, a implementação e a manutenção. As mulheres que perderam uma ou mais dessas fases relatam que não "conseguem pensar" em nada de novo, de útil ou que desperte sua empatia. Elas se vêem facilmente ''perturbadas" por casos de amor, pelo excesso de trabalho, pelo excesso de lazer, pela fadiga ou pelo receio de fracassar. Por vezes, elas não conseguem dominar a mecânica da organização, e seus projetos acabam espalhados por aí em centenas de lugares, aos pedaços.“

“Às vezes, a mulher tropeça na própria introversão e quer simplesmente que as coisas existam só porque ela deseja. Ela pode acreditar que basta pensar que a idéia é suficientemente boa e que não há necessidade de nenhuma manifestação externa. Só que ela se sente despojada e incompleta do mesmo jeito. Todas essas são manifestações de poluição no rio. O que está sendo fabricado não é a vida, mas algo que inibe a vida.”


Lição do Dia: focando bastante na etapa da implementação.

Pendências: quantas das minhas idéias e projetos estão empacadas nessa fase?

Leia os três contos: La Llorona, A Menininha dos Fósforos e Os três Cabelos de Ouro: http://querocorrercomoslobos.blogspot.com/p/os-tres-contos-la-llorona-menininha-dos.html

Escreva para a Vero: eueoslobos@gmail.com

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