domingo, 20 de fevereiro de 2011

Dia 93 – Manual da Criatividade

Capítulo 10 – As águas claras: O sustento da vida criativa

Contos: La Llorona, A Menininha dos Fósforos e Os três Cabelos de Ouro
(Link para as três histórias completas no menu à direita)

Reassumindo o rio

“A natureza da vida-morte-vida faz com que o destino, o relacionamento, o amor, a criatividade e tudo o mais se movimentem em coreografias amplas e selvagens, uma atrás da outra na seguinte ordem: criação, crescimento, poder, dissolução morte, incubação, criação, e assim por diante. A sabotagem ou a ausência de idéias, pensamentos, sentimentos é o resultado de uma corrente tumultuada. Eis como reassumir o rio.”

Aceite o alimento para começar a limpeza do rio. Elementos contaminadores que perturbam o rio ficam óbvios quando a mulher rejeita elogios sinceros acerca da sua vida criativa.”

Eu já havia comentado aqui sobre a dificuldade em aceitar elogios quando falamos sobre o conto O Patinho Feio. Sobre esse assunto eu posso dizer que sou pós-graduada: eu não costumo aceitar elogios facilmente. Quando alguém me elogia, costumo variar entre duas respostas básicas: ‘imagine querido são seus olhos!’ e ‘é óbvio que sou incrível!’ (risada sarcástica).

Porque a dificuldade em aceitar elogios? Tenho certeza que essa resposta varia muito de mulher para mulher, mas para mim é a própria Síndrome do Patinho Feio. Eu simplesmente não me sinto merecedora de um elogio sincero! É como se o meu próprio Self não se sentisse capaz, belo ou merecedor, não se sentisse inteligente, agradável ou carismático, o suficiente para que seja notado dessa forma para os outros.

Veja bem, uma mulher com dificuldade de aceitar um elogio pode parecer apenas humilde, mas na verdade é uma mulher com baixa auto-estima. Para treinar a nossa capacidade de aceitar elogios, tudo começa com o auto-elogio. Se elogie quando resolver um problema, se elogie quando se olhar no espelho, se elogie quando conquistar uma meta! Quando você aceitar que é sim merecedora do seu próprio elogio, vai começar a ver como é fácil aceitar o elogio dos outros.

Seja sensível. Para criar é preciso que sejamos capazes de nos sensibilizar. A criatividade é a capacidade de ser sensível a tudo que nos cerca, a escolher em meio às centenas de possibilidades de pensamento, sentimento, ação e reação, e a reunir tudo isso numa mensagem, expressão ou reação inigualável que transite ímpeto, paixão e determinação.”

Eu lembro quando escrevi aqui sobre a capacidade de sermos heroínas da nossa própria história. Lembre-se que as principais características dos grandes heróis que devemos desenvolver são: a determinação, a paixão pela sua missão de vida e a resiliência.

Seja selvagem. Se quisermos lhe permitir sua liberdade, precisamos deixar que nossa vida ideativa se solte, corra livre, permitindo a vinda de qualquer coisa, a princípio sem censurar nada. Essa é a vida criativa.”

E a melhor forma de fazermos isso é conseguirmos nos libertar da prisão da rotina. Não permita que sua vida, seja qual faceta dela precise melhorar (amorosa, sexual, criativa, familiar), seja aprisionada pelos seus afazeres do dia-a-dia. Não permita viver a sua vida selvagem nos intervalos de tempo que sobrarem! Assuma o compromisso de viver sua vida selvagem todos os dias, em todos os momentos, não importa onde você esteja. Em vez de aprisionar sua vida selvagem numa agenda de compromissos faça o contrário: modele sua agenda de acordo com a sua vida selvagem.

Comece. Se você tiver medo, tiver receio de fracassar, digo-lhe que comece já, fracasse se for preciso, recupere-se, recomece. Se fracassar de novo, fracassou. E daí? Comece novamente. Não é o fracasso que nos detém, mas é a relutância em recomeçar que nos faz estagnar. Se você estiver apavorada, qual é o problema? Se você estiver com medo de que algo vá dar um salto para mordê-la então pelo amor de Deus, resolva isso imediatamente.”

Proteja seu tempo. É assim que se eliminam os poluentes. Conheço uma pintora muito impetuosa nas Montanhas Rochosas que pendura o seguinte cartaz na porta de casa quando ela está disposta a pintar ou a pensar. ‘Hoje estou trabalhando e não vou receber visitas. Sei que você pensa que isso não se aplica a você porque você é o gerente da minha conta no banco, meu agente ou meu melhor amigo. Mas se aplica sim’.”

Infelizmente somos criadas para dar prioridade para tudo mais nessa vida menos pra gente. Inverter esse jogo foi uma das conquistas mais importantes e mais difíceis que já tive na vida. Quando eu consegui assumir que nada nesse mundo, mas absolutamente nada mesmo, é mais importante para mim do que eu, as coisas automaticamente começaram a tomar a forma que eu queria.

Proteja sua vida criativa. Se você quiser evitar a hambre del alma, a alma faminta, chame o problema pelo seu verdadeiro nome e trate de consertá-lo. Pratique sua atividade todos os dias. E então, não permita que nenhum homem, mulher, parceiro, amigo, religião, emprego ou voz resmungona venha forçá-la a passar fome. Se necessário, arreganhe os dentes.”

Forje seu verdadeiro trabalho. Construa aquele abrigo de carinho e conhecimento. Transfira sua energia de um lado para o outro. Insista em atingir um equilíbrio entre a responsabilidade prosaica e o êxtase pessoal. Proteja a alma. Insista numa vida criativa de qualidade. Não permita que seus próprios complexos, sua cultura, os dejetos intelectuais ou que qualquer papo-furado político, pedagógico, aristocrático ou pretensioso lhe roubem essa vida.”

Clarissa vive comentando em seu livro na quantidade de pacientes que chegaram no seu consultório praticamente pedindo licença para existir. Como se elas estivessem esperando uma permissão, uma autorização, uma palavra de apoio, para começarem a viver a própria vida. A maior parte das vezes essa passividade é fruto apenas dos complexos negativos da psique da mulher. Outras vezes essa opressão vem do seu próprio ambiente familiar, social ou profissional. Nesse último caso eu sou extremamente a favor do terrorismo. Se imponha nem que para isso você precise jogar umas bombas e queimar alguns ônibus. Arreganhe os dentes, rosne, morda, ataque, faça o que for necessário para proteger seu espaço. Não importa quem ou o que esteja entre você e a vida que quer viver, você não é obrigada a se explicar e nem a justificar suas atitudes e desejos.

Ofereça alimentos para a vida criativa. Embora muitas coisas sejam boas e nutritivas para a alma, a maioria recai num dos quatro grupos básicos de alimentos da Mulher Selvagem: o tempo, a sensação de integração, a paixão e a soberania. Faça estoque deles. Eles mantêm o rio limpo.”


Lição do Dia: aceitando elogios!

Pendências: preciso remodelar a minha agenda de acordo com a vida que eu quero viver.

Leia os três contos: La Llorona, A Menininha dos Fósforos e Os três Cabelos de Ouro: http://querocorrercomoslobos.blogspot.com/p/os-tres-contos-la-llorona-menininha-dos.html

Escreva para a Vero: eueoslobos@gmail.com

Nenhum comentário: