Dia 21 – Quem manda aqui sou eu!

Capítulo 4 – O parceiro: união com o outro

Conto: Um hino para o homem selvagem: Manawee.

A conquista da ferocidade

No post de ontem vimos que muitas vezes somos nós mesmas que boicotamos o nosso verdadeiro trabalho e compartilhei com vocês algumas dicas da minha terapeuta para tentar quebrar esse ciclo.

“Nesse ponto, vemos o despertar da consciência da psique. A psique instintiva aprendeu a se controlar, a fixar prioridades e a concentrar a atenção. Ela se recusa a ser distraída. Agora está determinada.”

Tenho recebido vários e-mails de mulheres que chegaram até esse ponto do trabalho e de repente viram sua vida de pernas pro ar por causa de algum fator externo que aconteceu. Nesse momento a vontade que elas têm é de desistir, largar tudo e ir apagar os incêndios da sua vida pessoal.

Acompanhem comigo: a mulher consegue identificar o vazio em sua vida que está bloqueando o seu avanço. Ela consegue ver por trás de seus olhos civilizados que a Mulher Selvagem dentro dela está desesperada para sair. Ela se prepara para encarar a vida sob uma nova ótica: a da psique instintiva, escutando sua intuição e permitindo que seus sentidos a guiem em meio à floresta escura. Ela consegue limpar seu ambiente de trabalho, seu ambiente psíquico, para que seus projetos possam renascer. Ela aprende a separar e entender seus sentimentos. Ela transforma em cinzas tudo o que destrói sua auto-estima.

Ela aprende a deixar de ser tão boazinha e encarar os desafios que tem pela frente. Ela assume sua característica dual: self civilizado e self selvagem, aprendendo a ser uma e ser duas em harmonia. Ela invoca seu lado selvagem, conhecendo suas características, suas qualidades, seus defeitos, seu nome. Ela procura pelo homem selvagem, seu parceiro ideal, que ama a mulher selvagem e procura por ela. Ela quebra o ciclo do auto-boicote e, quando está pronta para começar a ser ela mesma.... BUM!

Algo acontece em sua vida!

Ah, se eu fosse contar para vocês a quantidade de vezes que isso já aconteceu comigo! A sensação que eu tenho é que sempre algo de fora, algum acontecimento externo, vem e acaba com todo o meu trabalho feito. Começam a pipocar incêndios por todo o lado da minha vida: brigo com o namorado, tenho uma desilusão amorosa, problemas no trabalho, familiares, crise financeira. Como vou conseguir continuar com a minha jornada quando parece que tenho que reunir toda a minha energia para resolver os quebra-cabeças que surgem ao meu redor? Quantas vezes tenho que abandonar o meu trabalho para apagar incêndios que aconteceram no percurso? Milhares!

Clarissa chama esses incêndios de “O Homem Sinistro”.

“No entanto, de repente, um ser sombrio vindo do nada salta nós. O estranho sinistro não se importa com a dualidade ou com as nuances sutis da psique. Para ele, o feminino é um objeto a ser conquistado, e nada mais. O estranho sinistro pode ser encarnado por uma pessoa verdadeira no mundo exterior ou por um complexo negativo interno. Não importa qual seja a representação, o efeito devastador é o mesmo.

Desta vez, porém, o cachorro entra numa luta desenfreada. Seja a pessoa do sexo masculino, seja do feminino, isso pode ocorrer na vida objetiva quando um incidente, um lapso, algum acontecimento estranho de qualquer natureza, surge de repente e tenta nos fazer esquecer quem nós somos.”

É preciso muito mais força e coragem para manter nosso equilíbrio e continuarmos a fazer o nosso trabalho quando temos alguma força negativa externa, ou interna, nos esganando.

Eu tenho um leque de pessoas ao meu redor que fazem isso sem nem ao menos perceber: seja minha mãe com críticas destrutivas “Pare com essa besteira de encontrar a sua vocação e procure um emprego que pague bem!”, seja um namorado que critica suas aspirações “Chega de fantasia, está na hora de estabilizar e casar, daqui a pouco seu relógio biológico estará gritando e você vai querer ter filhos!”, seja o meu trabalho sugando todas as minhas energias, são todas encarnações de Homens Sinistros que nos tiram do nosso caminho.

O que temos que fazer nessas horas é espernear, lutar com todas as nossas forças e morder a mão do Homem Sinistro “Quem manda aqui sou eu, eu quero as coisas desse jeito!”

Aprendi com o tempo o poder que as palavras e frases ditas pelas pessoas ao meu redor, 24hs por dia, são as coisas que mais têm poder para me destruir. O que eu aprendi a fazer? A pessoa começa a falar e eu já solto: Se for uma crítica nem comece a falar! Não pedi a sua opinião! Só abra a boca se for para elogiar! Você tem alguma coisa boa para dizer? Eu pedi alguma crítica?

Assim como é devastador quando pessoas próximas de mim estão com algum problema sério e jogam nos meus ombros a sua preocupação, tornando responsabilidade minha ajudá-la a resolver. Por mais cínica que possa parecer, aprendi a dizer com carinho e um pouco de humor a seguinte frase: “Esse problema é de quem mesmo? Ah, é seu... Então você quer a minha ajuda? Vou ver o que posso fazer.”

Se debata contra o que estiver tentando te atrapalhar! Comece a latir para as forças negativas ao seu redor! Rosne para quem tentar te influenciar a fazer algo contrário do que você quer! E lute: lute como se disso dependesse sua própria vida.

“Na história o cãozinho luta como se disso dependesse sua própria vida. Às vezes o único meio de aprendermos a nos manter fiéis ao nosso conhecimento profundo resulta do surgimento desse estranho à nossa frente. Somo, então, forçadas a lutar para superar nossas motivações espirituais mais superficiais, o que Robert Bly chama de “desejo de se sentir maravilhosa”, lutar para terminar o que iniciamos.”

“Concluímos, portanto, que as duas coisas que prejudicam o avanço nessas questões são as distrações dos nossos apetites e o estranho sinistro – sendo que este pode estar no opressor inato à psique ou às vezes numa pessoa ou situação do mundo objetivo. Seja como for, cada uma sabe no fundo como derrotar esses saqueadores e espoliadores.”

Lição do Dia: lembrando de lutar contra os estranhos sinistros com todas as minhas forças.

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Escreva para a Vero: eueoslobos@gmail.com