quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Dia 16 – A procura pelo sapato ideal

Capítulo 4 – O parceiro: união com o outro

Conto: Um hino para o homem selvagem: Manawee.
(Link para a história completa no menu à direita)

A natureza dual das mulheres

Vou começar o post de hoje com uma anedota de uma amiga muito engraçada, que sempre consegue me fazer rir de qualquer desgraça da vida. Essa amiga sempre diz que as mulheres sempre se relacionam com dois tipos muito óbvios de parceiros. Quais são esses tipos?

O tipo nº 1 é o “Homem Sapato Alto”: muito bonito para sair na rua, mas muitíssimo desconfortável para se usar. É o tipo de cara que você se interessa de primeira pelas qualidades superficiais. Bonito, charmosos, sociável, bom conversador. É aquele cara dos sonhos para levar para sair por aí, desfilar com ele pelas ruas, pelas festas, com orgulho. É o tipo de cara que as outras mulheres vão olhar e se derreter pensando porque foi você, e não elas, que tirou a sorte grande. O problema com esse homem é que, assim como um salto alto, ele é extremamente desconfortável de se usar. Normalmente um cara que está apenas preocupado com seus atributos físicos e sua imagem, não se importa tanto em trabalhar seu caráter. As chances de ele apresentar diversas deficiências no convívio a dois também são grandes: não saber dar carinho, ter problemas com intimidade, ser egocêntrico, não gostar tanto de ficar à toa, apenas com você, te curtindo. É um problema!

O tipo nº 2 é “Homem Pantufa”: muuuuito confortável para se usar em casa, mas não muito aceitável para se sair na rua. É aquele cara que você tem uma afinidade absurda, vocês passam horas e horas conversando, apenas os dois. Ele sempre tem mil idéias de coisas divertidas para fazer em casal. Topa qualquer coisa apenas para estar ao seu lado, é engraçado, gosta de intimidade, carinhoso. Seus momentos a dois são incríveis, mas na hora de sair de casa com ele... Ele não é exatamente do tipo apresentável, ou não é sociável, ou simplesmente não combina com a pessoa que você é em público. Não deixa a conversa fluir naturalmente num grupo grande, não sabe se comportar direito com muitas pessoas ao seu redor: às vezes muito intimidado e desconfortável, às vezes muito falante e um pouco mala. É um problema!

Agora, o interessante é que ela separou os homens em duas categorias: os que têm afinidades pessoais com a gente, e os que têm afinidade com a cultura social do meio.

Vocês também têm a sensação de que, quando se trata de relacionamentos, o cara é em parte a sua alma gêmea e em parte vocês têm diferenças inconciliáveis?

Muitos namorados meus se aproximaram de mim por causa da minha imagem pública. Sou extrovertida, cheia de opiniões modernas e fortes, pareço ser extremamente independente e segura. Vivo com muita gente ao meu redor, tenho um estilo de vida agitado com direito a muitas noitadas e eventos sociais (eu trabalho com isso). Além de tudo meu tipo de humor é sarcástico e irônico, o que atrai quem curte isso, mas afasta muita gente também, rs.

Só que quando o relacionamento engatava, eles começavam a perceber uma outra face minha. A face que vocês conhecem aqui no blog. A parte de mim que ainda é uma garota insegura tentando adentrar numa floresta escura sem ajuda, aprendendo como se tornar a mulher plena que quero ser. A parte de mim que questiona minhas escolhas de vida e ainda busca sua verdadeira vocação. A parte que está buscando respostas e duvidando de tudo o que me foi ensinado até hoje. A Vero que tem explosões de raiva violentas e que chora como um bebê alguns minutos depois, que se sente perdida, sem rumo. A que também se alimenta de carinho, de atenção, e que adora dormir recebendo um cafuné...

Já outros namorados, me conheceram primeiro como a Vero que vocês conhecem aqui. Foi o caso do meu ex. Nos conhecemos quando eu estava sofrendo pelas dores causadas pelo sujeito do post do Dia 8, e precisando de um ombro amigo. Ele estava passando por uma fase muito difícil também, e nós fomos um para o outro a mão que se oferece para ajudar a se levantar. No caso dele, ele já me conheceu assim, e quando me viu publicamente levou um grande susto! “Quem é essa?”. Logo começou a se irritar com minha agenda cheia, com as festas, com a quantidade de pessoas que eu tinha ao meu redor e com os vínculos que competiam com ele pelo meu tempo e pela minha intimidade. Tinha ciúmes dos meus amigos, se sentia intimidado com a minha profissão, ixi... Catástrofe!

Mas os relacionamentos que considero até hoje bem sucedidos, foram aqueles em que o meu parceiro conheceu e amou essas duas partes de mim. Foi parceiro na intimidade, e na rua também. Aprendeu sobre mim em cada instabilidade emocional, em cada padrão, em cada loucura. E são esses que eu levo até hoje no meu peito, como lembranças queridas e pessoas importantes. Foi com eles que eu mais aprendi, e ensinei também. Aquele tipo de relacionamento em que os dois saem diferentes. E melhores.

A primeira vez que minha amiga me contou essa anedota, ficamos discutindo o tempo inteiro sobre qual dos dois tipos era o melhor parceiro. E lembro que no final da noite eu me virei para ela e disse: “Sabe qual é o melhor? O tênis ortopédico: confortável e bonitinho.”

“Qualquer um que seja íntimo de uma Mulher Selvagem está de fato na presença de duas mulheres: um ser exterior e uma criatura interior, um que habita o mundo terreno, e o outro que vive num mundo não tão visível. O ser exterior vive à luz do dia e é observado com facilidade. Muitas vezes é uma pessoa pragmática, aculturada e muito humana. Já a criatura costuma chegar à superfície vindo de muito longe e com freqüência aparece e desaparece rapidamente, embora sempre deixe uma sensação: algo de surpreendente, original e sagaz.

O esforço de compreender essa natureza dual das mulheres às vezes faz com que os homens, e até mesmo as próprias mulheres, fechem os olhos e bradem aos céus em busca de ajuda. O paradoxo na natureza gêmea das mulheres reside no fato de que, quando um lado está mais frio sentimentalmente, o outro lado está mais quente. Quando um lado é menos apressado e mais rico em termos relacionais, o outro pode ser até certo ponto gélido. Muitas vezes um lado é mais feliz e maleável, enquanto o outro sente um anseio por “não sei bem o quê”. Um lado pode ser cheio de alegria, enquanto o outro é lamentoso e melancólico. Essas “duas-mulheres-que-são-uma” são elementos separados porém associados, que se combinam em milhares de formas.”


Lição do Dia: agradecendo pelos “tênis ortopédicos” que estiveram ao meu lado na minha jornada.

Pendências: procurando um nutricionista para dar uma surra no meu mau hábito alimentar.

Leia o Conto Manawee completo: http://querocorrercomoslobos.blogspot.com/p/manawee.html 

Escreva para a Vero: eueoslobos@gmail.com

3 comentários:

Amélie Poulain disse...

Vero, queria te agradecer, pois através do seu blog, tenho aprendido todo dia a dar um passo para fora da minha floresta escura...

Obrigada mesmo!!!

Beijos!

Jose Ramon Santana Vazquez disse...

...traigo
sangre
de
la
tarde
herida
en
la
mano
y
una
vela
de
mi
corazón
para
invitarte
y
darte
este
alma
que
viene
para
compartir
contigo
tu
bello
blog
con
un
ramillete
de
oro
y
claveles
dentro...


desde mis
HORAS ROTAS
Y AULA DE PAZ


TE SIGO TU BLOG




CON saludos de la luna al
reflejarse en el mar de la
poesía...


AFECTUOSAMENTE
VERONICA

ESPERO SEAN DE VUESTRO AGRADO EL POST POETIZADO DE ENEMIGO A LAS PUERTAS, CACHORRO, FANTASMA DE LA OPERA, BLADE RUUNER Y CHOCOLATE.

José
Ramón...

Unknown disse...

Simplesmente fantástica! Amei! Tão eu. Obrigada! Estou refletindo sobre esse capítulo esse mês!!!