domingo, 24 de outubro de 2010

Dia 31 – A entrega do coração

Capítulo 5 – A caçada: Quando o coração é um caçador solitário

Conto: A Mulher-esqueleto: Encarando a natureza de vida-morte-vida do amor

As fases posteriores do amor: O coração como tambor e o canto para criar a vida

Depois das 5 primeiras fases do amor, Clarissa começa a nos contar sobre as fases posteriores ao amor. A primeira delas é ‘O coração como tambor e o canto para criar vida’.

“O centro fisiológico e psicológico é o coração. Nos Tantras do hinduísmo, que são instruções dos deuses aos seres humanos, o coração é o Anãhata chakra, o centro nervoso que abrange o sentimento por outro ser humano, o sentimento por si mesmo, pela terra e por Deus. É o coração que nos permite amar como ama uma criança: totalmente, sem reservas e sem qualquer capa de sarcasmo, depreciação ou protecionismo.”

“Quando um homem entrega seu coração por inteiro, ele se torna uma força espantosa — ele se toma uma inspiração, papel que no passado era reservado apenas às mulheres. Quando a Mulher-esqueleto dorme com ele, ele se torna fértil. Ele é investido com poderes femininos num meio masculino. Ele passa a levar as sementes da nova vida e das mortes necessárias. Ele inspira novos trabalhos a si mesmo, mas também àqueles que estão por perto.”

No começo desse ano li o livro ‘Amor Líquido - Sobre A Fragilidade Dos Laços Humanos’ de Zygmunt Bauman. Esse livro fala do amor na nossa sociedade moderna, e como as mudanças de valores e a velocidade das telecomunicações interferiram no nosso modelo de relacionamento amoroso. Uma parte do livro que gostei bastante era a que dizia que a maior parte dos homens modernos tem modelos de relacionamentos ultrapassados. Assim como seus avôs eles ainda acham que devem exercer a função de homem trabalhador, e que apenas prover a família e dar segurança para as esposas vai tornar o relacionamento bem sucedido.

Mas na modernidade esses valores perderam bastante de sua importância e hoje são fatores secundários. Hoje em dia estamos isolados no meio da multidão, dependendo de formas de comunicação fria, num mundo onde a emoção é usada como arma para o consumismo. No meio dessa mudança, as mulheres estão à procura de parceiros que desenvolvam intimidade e que sejam companheiros. Já vi, com muito pesar, casamentos de décadas terminarem porque as esposas estavam insatisfeitas com a doação emocional do parceiro. E eles ainda achavam que já estavam fazendo o seu melhor: ‘Mas eu te dou tudo, uma casa confortável, uma vida financeira próspera, presentes, viagens, filhos, uma vida sexual satisfatória, o que mais você quer?’.

Pois eu digo agora o que eu, e provavelmente muitas mulheres, procuram num parceiro moderno: eu quero um cara que compartilhe os seus pensamentos, sentimentos e desejos comigo. Eu quero um cara que procure me ajudar a alcançar um bem-estar espiritual, e não material. Eu quero um cara que me ajude a trabalhar meus defeitos, e a investir nas minhas qualidades. Eu quero um cara que me apóie mesmo quando discordar da decisão que vou tomar. Eu quero apoio emocional para meus sonhos, para meus projetos, para a minha criatividade. Eu quero compreensão. Compreensão não no sentido de ‘eu entendo o que você sente’, mas no sentido de ‘quando você está triste eu fico triste, e quando está feliz, fico feliz também’.

“Com o passar dos anos, percebi isso nos outros e vivenciei em mim mesma. É uma ocasião profunda quando criamos alguma coisa de valor através da crença que o parceiro tem em nós, através do sentimento sincero que ele tem pelo nosso trabalho, nosso projeto, nosso tema. É um fenômeno surpreendente. E não se limita necessariamente aos relacionamentos amorosos; ele pode ocorrer com qualquer um que nos entregue o coração intensamente.”

O que eu quero de um homem? Que me entregue seu coração intensamente! Que seja um pouco mulher no corpo de um homem. Eu vivo brincando com meus amigos que gosto de caras que tenham uma certa porcentagem gay. O que quero dizer é que me atraio por caras que conseguem ter sentimentos que normalmente são femininos: o compartilhar, o cuidar, o doar, o dar, sem pedir absolutamente nada em troca.

“Portanto, a canção entoada e o uso do coração como tambor são atos místicos para despertar camadas da psique não muito usadas ou vistas. A respiração ou pneuma que paira sobre nós abre certas fendas, faz surgir certas faculdades que de outro modo seriam inacessíveis. Não sabemos dizer para cada pessoa o que será invocado pelo canto, despertado pelo tambor, porque eles atuam sobre frestas estranhas e raras no ser humano que participa. No entanto, podemos ter certeza de que seja o que for que acontecer terá uma irresistível força numinosa.”


Lição do Dia: feliz de encontrar a mulher dentro do meu parceiro.

Pendências: pois então, descobri que estou com anemia. Se vocês, assim como eu, não andam cuidando da alimentação: cuidado! Os problemas podem ser bem mais sérios do que apenas cabelo sem vida e unhas frágeis.

Escreva para a Vero: eueoslobos@gmail.com

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