segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Relato # 2

Hoje, segunda edição da série de publicações de leitoras que leram o livro “Mulheres Que Correm Com Os Lobos” e realizaram uma grande mudança em suas vidas.

A história de hoje é da leitora Lena, que me mandou sua história pelo e-mail eueoslobos@gmail.com . Lena, publiquei seu e-mail completo porque você começa e termina seu relato com observações absolutamente pertinentes. Obrigada!

“Oi Verônica,

Sobre o livro, uma vez li em algum lugar que às vezes podemos não estar preparada para ele, por isso desistimos. Acho que se aplica bem. Olhe a sua volta: quantas mulheres você conhece que estão realmente preparadas para mergulhar dentro de si mesmas? Quantas querem realmente mudar? Quantas querem enfrentar seus medos e seus fantasmas? Na maioria das vezes, nós não queremos mudar. Queremos que as coisas ao nosso redor mudem. É mais cômodo, menos doloroso, culpar o mundo pelos nossos problemas ao invés de buscarmos as respostas dentro de nós.

Sobre a minha história com o livro, vou contá-la.

Em 2006 eu estava no último ano da faculdade de direito. Correria com provas, trabalhos, monografia... Um ex namorado manipulador que insistia em me perturbar. Trabalhava o dia todo e estava um clima insuportável no emprego, na época eu trabalhava pra um gerente do tipo bem carrasco. Uma outra colega pediu transferência e o processou por assédio moral. Isso parece tê-lo deixado ainda mais irritado e o ambiente lá estava super carregado. Em casa, meu pai desempregado, começando a dar indícios de problemas com bebida. Brigas, muitas brigas entre eu e meus pais. Mais uma vez clima insuportável.

No meio desse tornado, tinha um namorado, que para mim era um refúgio: sensível, educado, carinhoso, tudo de bom. Estávamos juntos há pouco tempo, mas já o conhecia há uns 2 ou 3 anos, pois já havíamos trabalhado numa mesma filial. Nesta época ele tinha namorada, eu também namorava outra pessoa. Mas um dia nossos caminhos se cruzaram e ambos estávamos solteiros. Eu estava apaixonada e ele era a melhor coisa no meio daquela confusão de coisas.

Um belo dia do nada, ele me liga, instantes antes de uma prova importantíssima terminando o namoro. Primeiro fiz a prova. Depois liguei pra ele, que morava em outra cidade, pra saber o que estava acontecendo. Ele me evitando, até que uma semana depois, por MSN, ele resolveu me contar porque terminou. Pouco tempo depois de começarmos a namorar ele voltou a sair com a ex. Ela engravidou e eles iam se casar. Simples assim!!

Quis morrer. Minhas amigas foram minha fortaleza. Eu não podia esmorecer. Eram as provas finais e eu tinha que defender minha monografia dentro de algumas semanas. Segurei firme. Fiz todas as provas, e no último dia na faculdade, após apresentar a monografia e ouvir da banca que eu estava aprovada, eu saí da sala e desabei. Chorei, chorei muito. Chorei por dias. Não comia, emagreci muito (essa foi a única parte boa rss). Parecia que eu estava tendo um pesadelo e ia acordar a qualquer momento. Me senti traída, rejeitada, humilhada. Perguntava o que eu tinha feito pra merecer aquilo. Eu o amava, eu confiava nele, como ele poderia fazer isso comigo? E pra piorar, ele volta e meia me escrevia. Dizia que me amava, mas que tinha cometido um erro e tinha "obrigação" de consertar casando-se com ela.  Isso só me deixava pior. Eu me senti um lixo.

Poucos dias depois disso tive uma recaída e saí com ele. Cheguei em casa me sentindo suja.
Ali enxerguei que não era isso que eu queria pra minha vida: depositar minha felicidade nas mãos de outra pessoa! Uma amiga de internet, com quem eu conversava pelo Orkut me recomendou o livro Mulheres que correm com lobos! Comprei na hora. Comecei a ler na hora.

Aí comecei a tomar forças pra levantar, dar a volta por cima e começar a mudar a minha vida.
Comprei meu carro. Saí da casa dos meus pais. Voltei a sair para baladas com as amigas. Comecei a me impor mais no serviço. Não melhorei de uma hora para outra. Demorou. Sofri muito por muito tempo. Mas a partir dali eu já tinha a consciência de que eu era a única responsável pela minha felicidade. E que tudo isso que eu passei talvez tenha sido uma lição de amadurecimento.

Esta história ainda dói, ainda tenho muita mágoa e ressentimento por tudo. Mas não deixo isso me abater como abatia antes. Hoje estou casada com um homem maravilhoso. Pedi transferência para um lugar muito melhor pra se trabalhar. Estou fazendo pós-graduação. E sei que cada dia é uma oportunidade pra eu aprender e me fortalecer com isso tudo.

Naquela época, uma coisa que me ajudou muito, foi ler relatos de pessoas que tinham passados por perrengues e davam a volta por cima. Eu olhava pra mim mesma e pensava ‘eu não quero ser a coitadinha de quem as pessoas têm pena, eu quero ser a guerreira na qual as pessoas se identificam’.”

Escreva para a Vero: eueoslobos@gmail.com

2 comentários:

Carla Farinazzi disse...

Vero,

Sempre penso que, embora o livro tenha sido, e foi, com certeza, o "start" de um monte de coisas, a verdadeira força já estava ali. A força para mudar as coisas, fazer diferente, fazer ficar legal, me fazer ficar legal, fazer acontecer, me libertar, voltar a ser selvagem... Tudo já estava ali, sob camadas e camadas de coisas que fui jogando sobre mim e que terminaram por me enterrar. "Mulheres que Correm com os Lobos" teve esse mérito, de ajudar a me desenterrar, de me mostrar que eu podia, que eu tinha como voltar a ser eu mesma, em minha essência: natural, segura, tranquila, equilibrada, guerreira, lutadora. Eu podia ser assim. Eu posso ser assim, todos os dias.

Lendo teu blog, me recordo das lições que ficaram da leitura deste livro maravilhoso. Da ajuda que tive e de como consegui superar muitas e muitas coisas.

Por isso te agradeço

Um beijo

Carla

Verônica disse...

Puxa Carla, você sempre me faz sorrir sozinha!
Quanto mais eu avançar nas lições mais difíceis elas vão ficar! Aceito suas dicas e sugestões, ok?
Beijos,
Vero.