quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Dia 22 – Desabafo público!

Capítulo 4 – O parceiro: união com o outro

Conto: Um hino para o homem selvagem: Manawee.

A mulher interior

“Às vezes as mulheres ficam cansadas e irritadas à espera de que seus parceiros as compreendam. ‘Por que eles não conseguem saber o que eu penso, o que eu quero?’. Elas ficam exaustas de fazer essa pergunta.”

Vou pedir licença a todas vocês e publicar aqui uma bronca que preciso dar em algumas amigas que me infernizam a vida há anos por causa do coração. Eu talvez perca algumas leitoras depois disso, mas preciso escrever. Isso tem pouco haver com o livro ou com minha jornada. É o que é: um desabafo! Sei que quem eu quero vai ler o texto, e sei também que muita gente que não conheço vai se sentir ferida. Mas como diz o ditado, se a carapuça servir....

Então peço licença poética, e torno público o e-mail que era para ser privado! Novamente: esse texto foi escrito especificamente para quem precisa escutar essa bronca. Se você não precisa, minhas sinceras desculpas!

Eu não paro de cruzar com caras interessantíssimos o tempo inteiro! Vivo brincando com meus amigos, de que no mundo ideal eu teria um harém de maridos. Tantos caras incríveis, gente boa, interessantes, inteligente, selvagens, que andam por aí, que é uma perdição!

Brincadeiras à parte, não entendo as mulheres que dizem que não tem gente decente por aí, não entendo mesmo! O que eu acho é que são os padrões de escolha delas que estão errados. Juro que quando vejo uma amiga descrevendo o cara com quem ela está saindo e explicando os motivos de porque está saindo com ele, a vontade que tenho é de dizer ‘Grandes chances de não dar certo. Depois não fique brava quando eu jogar na sua cara que eu te avisei!’.

Quando eu era mais nova e mais impulsiva falava isso mesmo, na cara! Perdi grandes amizades por causa disso. E quando o relacionamento que eu amaldiçoei dava errado mesmo, aí é que a amiga não me queria ver nem pintada de ouro pela frente.

Meus amigos homens mais próximos vivem falando para mim que é mania de mulher falar da vida amorosa para as amigas. Porque entre homens, a não ser que o cara esteja sendo espancado e com risco de vida, com quem ele sai, transa e dorme, só é problema dele. E de mais ninguém.

Mas peraí! Homens também não ficam alugando o ouvido dos amigos horas e horas comentando em todos os detalhes as mil expressões que a fulana fez em 5 minutos de conversa. E também não vem chorar por meses e meses a fio sobre o relacionamento que terminou.

É no meu ouvido que vão cair as mentiras que as mulheres contam para elas mesmas para se enganar, é no meu ombro que elas vão chorar quando quebrarem a cara de novo, e é no meu círculo social que eu vou ter que agüentar o mala da vez. Então é problema meu sim!

Eu não me lembro se já comentei aqui a dificuldade que tenho em fazer amizade com mulheres. Eu sei que parece feio, machista até. Mas eu simplesmente não tolero gente que mente para si mesma e vem me enganar com suas próprias mentiras.

Se você realmente acredita que tem que escolher seus parceiros pelas características físicas/sociais/financeiras do sujeito, isso é problema seu. Mas por favor, não me venha contar como a lua de mel está mil maravilhas e, alguns meses depois, vir chamar o coitado de cafajeste. Até hoje só conheci dois ou três exemplares dessa espécime e sendo sincera, acho que no mundo moderno eles estão em extinção. Se o cara é cafa, com todo o respeito, é porque ainda tem muita mulher que dá para ele. Se ele não comesse ninguém, mudava seu comportamento rapidinho!

A maioria das mulheres que eu conheço escolhe parceiro do mesmo jeito que escolhe produtos numa prateleira de supermercado: olhando apenas a embalagem! Putz, é bacana ter alguém para desfilar por aí, mas você realmente acha que vai compartilhar o seu dia-a-dia com um rótulo? Eu acho que não. Então não me venha depois com mimimi do tipo “Eu não sabia que ele era assim!”. A única vez que eu fui enganada, fui eu que permiti que isso acontecesse! Eu não aprendi com meus erros? Então aprenda com os seus e pare de se isentar de responsabilidades.

Mas aí vem a frase clássica da amiga: “Ah, mas tal fulana conheceu o cara assim e hoje eles estão casados há mil anos e felizes que nem o príncipe e a cinderela!”. Ok é possível sim, mas quais são as chances? Se você acredita nessa sorte começa a jogar na loteria também! E não, eu não acredito no ‘felizes para sempre’, por isso não pretendo me casar de novo. Que dure enquanto for bom é o lema que partilho com meus amigos machos!

Então você que escolhe namorado pelo cargo da empresa que ocupa, pelo perfume que usa, pelo restaurante que freqüenta, pelo dinheiro na conta corrente, pela marca da cueca, pelos amigos influentes, pelas viagens que fez, pela línguas que fala, pelo futuro garantido que ele pode oferecer, pelos genes da beleza, ou pelo desejo dele querer ou não constituir família: passe longe de mim!

E um pouco de Clarissa para vocês:

 “Para amar uma mulher, o parceiro deve também amar sua natureza primitiva. Se a mulher aceitar um companheiro que não possa amar ou que não ame esse seu outro lado, ela sem dúvida acabará arrasada sob algum aspecto e deixada a vaguear cambaleante, em desmazelo.”

“Sabemos que a criatura Homem selvagem está à procura da sua própria mulher terrena. Com medo ou não, é um ato de profundo amor o de se permitir ser perturbado pela alma primitiva dos outros. Num mundo em que os seres humanos têm tanto medo da ‘perda’, existe um excesso de muralhas protetoras contra o mergulho na numinosidade de outra alma humana.

O companheiro certo para a Mulher Selvagem é aquele que tem uma profunda tenacidade e resistência de alma, aquele que sabe mandar sua própria natureza instintiva ir espiar por baixo da cabana da alma da mulher e compreender o que vir e ouvir por lá. O bom partido é o homem que insiste em voltar para tentar entender, é o que não se deixa dissuadir.

Portanto, a tarefa primitiva do homem consiste em descobrir os nomes verdadeiros da mulher, não usar indevidamente esse conhecimento para ganhar controle sobre ela, mas, sim, para captar e compreender a substância numinosa de que ela é feita, para deixar que ela o inunde, o surpreenda, o espante e até mesmo o assuste. Também para ficar com ela. Para entoar seus nomes para ela. Com isso os olhos dela brilharão. E os dele também.”


Lição do Dia: desabafando

Pendências: desabafandooo

Escreva para a Vero: eueoslobos@gmail.com


4 comentários:

Carla Farinazzi disse...

Vero,

Sempre acho que tudo que nos acontece é porque permitimos. Fomos enganadas? Deixamos. Brincaram conosco? Nós deixamos. Nós somos senhoras e donas de nossas próprias vidas. Culpar alguém e se fazer de vítima é papel de gente que não enfrenta a vida, que não "agarra sua própria vida pelos chifres" e a domina.
Muita gente faz isso. Se martiriza, vive infeliz porque permite que façam o que quiseram.
Mas, te dito uma coisa: a partir do momento em que você se liberta desse sentimento de fraqueza e submissão, nunca mais você cai n'outra!
Você não quer mais aquilo pra você.
E também acaba ficando meio "arredia" quanto a encontrar novos parceiros e se envolver novamente com alguém. Você acaba achando melhor investir em você mesma e acabou. E, se pintar alguém que valha a pena, mergulhar de cabeça, mas tendo em mente que precisa ser respeitada em todas as suas posições, posturas, opiniões e atitudes. No mínimo respeitada.
Por isso, acredito que a base de qualquer relacionamento que se propõe a durar é, pura e simplesmente, a admiração.
Apenas isso: admiração. Você tem que admirar seu parceiro, seu amigo, aquele com quem se relaciona, seja qualquer for o relacionamento.
Penso eu.
Um beijo

Carla

P.S. Obrigada por teus comentários e posts, têm sido tão importantes!

Amélie Poulain disse...

Vero,
Só consigo bater palmas!!
De verdade!!
Seu texto foi perfeito!
Seu desabafo foi o desabafo que tenho preso na garganta e que tantas vezes quis gritar aqui, para algumas amigas, e nunca consegui!
Parabéns!!
É a única palavra que passa perto do que quero te dizer, após este texto!!!

Beijos!!!!

Ah, vc recebeu meu e-mail?

Verônica disse...

Você disse tudo Carla: "tendo em mente que precisa ser respeitada em todas as suas posições, posturas, opiniões e atitudes"

Um dos meus maiores desejos para um mundo melhor é que a próxima geração de mulheres sejam fortes, guerreiras e respeitadas.

Vamos trocar a servidão e a devoção pelo parceiro, pela admiração!

Obrigada pelas sua idéias!

Beijos,

Vero.

Verônica disse...

Amélie, acabei de publicar o seu texto. Obrigada pela inspiração querida!

Beijos,

Vero.