segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Dia 52 – O preço do caminho mais fácil

Capítulo 8 – A preservação do Self: A identificação de armadilhas, arapucas e iscas envenenadas

Conto: Os Sapatinhos Vermelhos
(Link para a história completa no menu à direita)

Armadilha n° 1: A carruagem dourada, a vida desvalorizada

“O ato de subir na carruagem dourada da velha senhora nesse ponto é muito parecido com a entrada na gaiola dourada. Ela supostamente oferece algo mais confortável, menos estressante, mas na realidade sua função é a de cativeiro. Ela prende de um jeito imperceptível de imediato, já que a princípio os dourados costumam ser ofuscantes. Imaginemos, portanto, que vamos descendo a estrada da nossa vida, com nossos sapatos feitos por nós mesmas, e somos acometidas por uma disposição de ânimo que nos diz algo como ‘Talvez outra coisa fosse melhor; talvez algo que não fosse tão difícil; algo que consumisse menos tempo, energia e esforço.’”

Uma boa técnica para testar o quanto uma pessoa está motivada com a própria vida é perguntar para ela se diante de uma dificuldade era iria pegar o caminho das pedras, mas que realizaria seus sonhos, ou se ela pegaria o caminho mais suave, que não realizaria nenhum dos seus desejos mas a deixaria confortável. Batata: a maior parte das pessoas se contentaria com um caminho mais suave que levaria o conforto. E é engraçado porque são as mesmas pessoas que dizem numa entrevista de emprego: ‘A-D-O-R-O desafios!’ Mentira. Se você olha para trás e percebe que sempre pegou os caminhos mais confortáveis na vida, não, você não gosta de desafios, você gosta é de ter pouco trabalho.

O primeiro problema de aceitar o conforto é que você nunca vai ter a noção do seu potencial. Porque você nunca testou os seus limites. Você não tem idéia de como a vida poderia ser, caso fizesse. Você tem medo de fazer algo desafiador por si mesma porque, se falhar, a culpa será inteiramente sua. Se fracassar, a responsabilidade será sua também.

“Por isso, nós nos casamos com a pessoa errada porque nossa vida será mais fácil em termos econômicos. Desistimos de uma peça nova na qual estivemos trabalhando e voltamos a usar a velha e desgastada fórmula, porém mais fácil, que viemos tentando forçar nos últimos dez anos. Não levamos aquele belo poema ao nível de refinamento máximo mas o deixamos no terceiro rascunho em vez de trabalhar nele mais um pouco.”

Eu não tenho absolutamente nada contra as pessoas que sempre se satisfazem com o conforto. Uma das minhas melhores amigas é extremamente bem sucedida mesmo tendo fugido de todos os desafios da vida. Só acho uma grande pena. Porque para mim só tem valor o que foi difícil de se conseguir. Para mim um grande projeto a ser investido é aquele que exige o meu máximo. Porque eu quero testar todos os meus limites! Só vou achar que a vida valeu a pena se eu olhar par atrás e ver o suor do meu trabalho pelo caminho.

O segundo problema é que toda decisão pede um sacrifício. Quando optamos pelo caminho mais fácil, só vemos que teremos menos trabalho, mas nem sempre percebemos o preço que teremos que pagar por ele. E as decisões da vida não são como negociações comerciais onde o preço é discutido antes da compra. Não. Ninguém vai te avisar do preço das suas escolhas. É você que vai ter que ponderar não apenas os prós e os contras, mas quais sacrifícios são necessários para conseguir o que quer. Eu não tenho medo do sacrifício do trabalho. O que eu tenho medo é de ter que sacrificar meus princípios, meus valores, minhas idéias, meus desejos, meus sonhos ou o amor, por uma vida mais confortável. Para mim isso é equivalente à prostituição, e eu não vendo o que tenho de mais importante por nada nesse mundo.

“O desejo de facilitar a vida não é a armadilha, pois é natural que o ego tenha esse desejo. Ah, mas o preço. O preço é que é a armadilha. A armadilha se fecha quando a menina vai morar com a senhora velha e rica. Nessa casa, ela deverá ficar bem-comportada e em silêncio... Não lhe será permitido verbalizar nenhum anseio e, mais especificamente, não lhe será permitida a realização desse anseio. É o início da fome da alma para o espírito criativo.”

Se você consegue perceber que anda optando pelos caminhos mais fáceis, talvez seja hora de pensar se anda pagando um preço demasiado alto por isso. Vale a pena abrir mão daa sua paixões e dos seus sonhos?

“O fato psíquico crucial continua a ser o de que nosso vínculo com o significado, com a paixão, com o envolvimento e com a natureza profunda é algo que precisamos proteger. Existem muitas coisas que tentam nos forçar, nos arrastar, nos seduzir para longe dos sapatos feitos à mão, que aparentam ser simples como quando dizemos: "numa outra hora, eu danço, planto, abraço, procuro, planejo, aprendo, faço as pazes, limpo... numa outra hora." Só armadilhas.”

Lição do Dia: sentindo orgulho de mim por nunca ter optado pelo caminho mais fácil.

Pendências: continuando com o projeto de parar de reclamar. Se foi eu quem escolheu esses caminhos porque vou reclamar deles?

Leia o conto Os Sapatinhos Vermelhos completo: http://querocorrercomoslobos.blogspot.com/p/os-sapatinhos-vermelhos.html  

Escreva para a Vero: eueoslobos@gmail.com

Um comentário:

Anônimo disse...

Nossa Vero, parece que você estava falando comigo, "dizendo menina acorda! Olha o que você esta fazendo com sua vida. Encherga suas escolhar... analisa-as!..." Cada dia aprendo mais com vc!
Abraços, Kakal.