quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Dia 55 – Refém

Capítulo 8 – A preservação do Self: A identificação de armadilhas, arapucas e iscas envenenadas

Conto: Os Sapatinhos Vermelhos
(Link para a história completa no menu à direita)

Armadilha n° 4: Danos aos instintos básicos, a conseqüência do cativeiro

“Etimologicamente, a palavra instinto deriva do latim instinguere, que significa incitar ou induzir uma inspiração inata, bem como de instinctus, que significa "impulso". A idéia do instinto pode ser valorizada como alguma coisa interna que quando mesclada com a previsão e a consciência, orienta os seres humanos no sentido de um comportamento integral. A mulher nasce com todos os instintos intactos.”

“Embora pudéssemos dizer que a menina da história foi arrastada para um ambiente novo, ambiente no qual sua falta de polimento é corrigida e as dificuldades eliminadas da sua vida, na realidade seu processo de individualização pára, seu esforço no sentido do desenvolvimento é interrompido. E, quando a velha senhora, uma presença inibidora, considera a obra do espírito criador um lixo, em vez de um bem, e queima os sapatos vermelhos, a menina fica mais do que calada. Ela se entristece, que é o estado esperado quando o espírito criativo é isolado da vida profunda natural. Pior que isso, o instinto da criança para fugir dessa aflição fica embotado a ponto de desaparecer. Em vez de ter como objetivo uma nova vida, ela fica presa numa poça de cola psíquica. A recusa a tentar fugir, quando essa atitude é plenamente justificada, causa a depressão. Mais uma armadilha.”

Será que sabemos quando estamos para cair numa armadilha? Minha terapeuta diz que existe uma série de perguntas e análises que podem nos ajudar a perceber se sem querer entramos numa situação destrutiva para o self. Vejamos:

Se você costuma ter o mesmo tipo de sonho ou pesadelo que te coloque nas seguintes situações: tentar fugir de uma situação estressante, fugir de algo que te persegue, ter que cumprir uma série de tarefas e não conseguir, estar atrasada para compromissos importantes, estar prestes a ser demitida, roubada ou abandona, sentir que estão exigindo mais de você do que você pode dar, etc: esses sonhos indicam um forte stress do seu self. Provavelmente você está vivendo num ambiente hostil para sua alma, num emprego que te afasta dos seus talentos naturais ou entrou num relacionamento pouco satisfatório para seu espírito.

Preste atenção nas conversas que você tem com seu subconsciente. Já reparam que costumamos conversar conosco dentro da nossa própria mente? Repare nas frases ditas internamente quando você está diante de um problema. Frases como: eu não vou conseguir resolver isso, está sempre tudo dando errado, porque não me valorizam, eu preciso conseguir atingir as exigências, como sempre minha vida está uma bagunça, eu quero ir embora daqui, eu quero sair correndo, eu odeio o meu trabalho, porque estou saindo com esse cara, etc: essas frases indicam o desespero do seu self de sair de um cativeiro emocional. Preste atenção se o seu comportamento, suas metas e seus objetivos estão realmente conectados aos seus desejos mais profundos, ou se você está agindo apenas como uma moça bem comportada.

“Quando uma mulher concorda em ser bem-educada demais, seus instintos por esses impulsos caem nas trevas do seu inconsciente mais profundo, fora do seu alcance imediato. Diz-se, então, que ela está com seus instintos prejudicados. O que deveria vir naturalmente acaba não vindo ou vem só depois de muito esforço, muitos empurrões, muita racionalização e lutas consigo mesma.”

Se você anda ansiosa demais, com problemas para dormir, com o sono muito agitado, estressada, se perdeu o prazer nas pequenas coisas do dia-a-dia, se tudo te irrita, se você tem vontade de se jogar em excessos, de sair correndo, de fugir, de pular de raiva, de gritar, de quebrar coisas; se anda com dificuldade de tomar decisões, se não sabe para onde ir, se você se sente presa, acuada, dominada, incapaz: você está num cativeiro emocional.

“Assim, quando a mulher entra nos domínios da velha e árida senhora, ela sofre de perda de decisão, confusão mental, tédio, depressão simples e súbitas crises de ansiedade que são semelhantes aos sintomas que os animais apresentam quando estão atordoados pelo cativeiro ou por traumas. Um excesso de domesticação gera impulsos fortes e essenciais no sentido de brincar, de se relacionar, de saber lidar, de perambular, de comungar e assim por diante.“

“Há muitos modos de se estar impedida de prosseguir. A mulher cujos instintos estão feridos geralmente se denuncia por enfrentar muita dificuldade para pedir ajuda, para reconhecer suas próprias necessidades. Seu instinto natural para a luta ou para a fuga é drasticamente reduzido ou mesmo extinto. São inibidos ou exagerados o seu reconhecimento das sensações de saciedade, de sabor estranho, de suspeita, de cautela, e seu impulso no sentido de amar plena e livremente.”

E porque é necessário que você perceba essas coisas? Porque se você estiver num cativeiro desses amiga, você precisa saber. Assim que você tiver a consciência disso vai perceber que a coisa certa a fazer é ter um daqueles momentos ‘corra, lola, corra’, e abandonar tudo o que anda limitando seu desenvolvimento e sua felicidade.

“Não se pode subestimar o dano causado aos instintos como raiz do problema quando as mulheres parecem estar loucas, são possuídas por uma obsessão ou quando estão presas a modelos menos maléficos mas, ainda assim, destrutivos. A recuperação do instinto ferido começa com o reconhecimento de que a captura ocorreu, de que uma fome da alma se seguiu, de que os limites normais de insight e proteção foram perturbados. É preciso reverter o processo que causou a captura da mulher e a conseqüente fome.”


Lição do Dia: entendendo que ainda não estou 100% fora do cativeiro.

Pendências: por mais que me doa, estou começando a perceber que talvez meu emprego  tenha se tornado exatamente o que eu não queria para mim.

Leia o conto Os Sapatinhos Vermelhos completo: http://querocorrercomoslobos.blogspot.com/p/os-sapatinhos-vermelhos.html  

Escreva para a Vero: eueoslobos@gmail.com

2 comentários:

Amélie Poulain disse...

Cativeiro emocional, aqui me tens...

Correndo muito, as vezes em circulos, outras não, p/ sair dele.

Hei de conseguir!!


Beijos!

Verônica disse...

Amélie: o primeiro passo é perceber que estamos dentro desse cativeiro!

Nas palavras de Clarissa: 'fique o tempo necessário para reanimar sua esperança, para abandonar seu sangue-frio terminal, para renunciar a meias-verdades defensivas, para se insinuar, para abrir caminho com precisão ou com violência; fique aqui o suficiente para ver o que é bom para você, para se fortalecer, para fazer aquela tentativa que terá sucesso; fique aqui o suficiente para completar a corrida, não importa quanto tempo demore ou de que forma isso ocorra’.

Beijos,

Vero.