sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Dia 56 – Você tem uma vida secreta?

Capítulo 8 – A preservação do Self: A identificação de armadilhas, arapucas e iscas envenenadas

Conto: Os Sapatinhos Vermelhos
(Link para a história completa no menu à direita)

Armadilha n° 5: A tentativa de ocultar uma vida secreta, a divisão

Responda a essa pergunta: você tem uma vida secreta?

‘Não!’, você irá me responder. ‘Até onde eu sei não sou nenhuma agente da CIA, nenhuma detetive particular, nem uma vampira fingindo ser humana.’ Ok, entendo. Então vou te fazer uma outra pergunta: quando você está completamente sozinha, entregue aos seus pensamentos, sem ninguém por perto, nem prestes a chegar, com o que costuma ‘sonhas acordada’?

A maior parte dos adultos usam sua imaginação de forma lúdica, substituindo as brincadeiras das crianças. Assim como as crianças podem passar a tarde inteira fingindo ser heróis que lutam contra o mal, nós adultos podemos passar horas seguidas imaginando uma vida diferente da nossa. Deixamos nossos pensamentos fluírem.

No caminho para casa, no ônibus, com a TV ligada, antes de dormir no escuro, largada na cama, deitada no sofá da sala, caminhando... É uma forma de relaxarmos e ao mesmo tempo nos entretermos. Eu faço isso praticamente toda a noite, quando a casa está vazia e escura, coloco um som no ouvido e permito que a minha imaginação me leve para onde ela quiser ir.

Nesses momentos somos quase personagens de um filme que nóa mesmos criamos: temos uma profissão diferente da nossa, uma família diferente, amigos diferentes. Nos comportamos de uma outra forma, falamos coisas que não costumamos fazer, e enfrentamos as situações como gostaríamos de enfrentar: praticamente super heróis.

As mulheres tem imaginações um pouco mais específicas: elas costumam imaginar a vida como elas sabem que elas são no seu íntimo. E esse ser está um pouco mais longe das heroínas da ficção e bem mais próximo da Mulher Selvagem que habita dentro de nós. Sabemos o potencial que temos, a dificuldade é conseguir ser nós mesmas 100% espírito nas situações do dia-a-dia. Eu vivo me policiando 24hs por dia, 7 dias por semana para ser eu mesma, selvagem como nasci, durante a minha rotina. Mas é difícil. São nas situações cotidianas que sofremos a maior pressão para agradarmos e nos promovermos.

Sim, vivemos uma vida secreta.

“Pode-se dar o nome que se quiser, mas ter uma vida secreta porque a vida real não tem espaço suficiente para vicejar é prejudicial à vitalidade da mulher. Mulheres famintas e em cativeiro escondem todo o tipo de coisa: músicas e livros proibidos, amizades, sensações sexuais, sentimentos religiosos. Elas escondem pensamentos furtivos, sonhos de revolução. Elas roubam tempo dos seus parceiros e das suas famílias. Escondem dentro de casa um tesouro. Tiram furtivamente o tempo para escrever, para pensar, para a alma. Elas escondem um espírito no quarto de dormir; um poema antes do trabalho; um carinho ou um abraço quando ninguém está olhando.”

“Para escapar desse caminho polarizado, a mulher tem de abandonar a simulação. Esconder uma vida interior falsa nunca funciona. Ela sempre explode pela lateral do pneu, quando menos esperamos. E aí, é a desgraça para todos. E melhor que despertemos, que nos levantemos, por mais caseira que seja nossa plataforma, e vivamos com a maior intensidade possível, da melhor maneira possível, deixando de lado a ocultação de falsos substitutos. Esperemos pelo que seja realmente significativo e saudável para nós.”

“As mulheres infelizes no casamento agem assim. As mulheres forçadas a se sentirem inferiores agem assim. As mulheres cheias de vergonha, as que temem ser punidas, expostas ao ridículo ou à humilhação agem assim. As mulheres com instintos feridos agem assim. Esconder o que se faz só é bom para a mulher no cativeiro se ela esconder o que for certo, só se o que ela esconder for exatamente o que a levará à libertação. No fundo, o ato de esconder fragmentos de vida que sejam corajosos, benéficos e que dêem satisfação faz com que a alma fique ainda mais determinada a erradicar a mentira para ter a liberdade de viver a vida abertamente como bem lhe aprouver.”


Lição do Dia: pensando em como colocar a Vero de verdade para trabalhar em todos os momentos da minha vida.

Pendências: me esforçando para não largar o meu emprego no impulso como eu já fiz milhares de vezes. Será a decisão certa?

Leia o conto Os Sapatinhos Vermelhos completo: http://querocorrercomoslobos.blogspot.com/p/os-sapatinhos-vermelhos.html  

Escreva para a Vero: eueoslobos@gmail.com


4 comentários:

Mayra Di Manno disse...

Verô,
Muito interessante essa coisa de vida secreta. Nunca tinha refletido sobre isso. Hoje pensando, veio a mente o quanto eu crio na minha mente... estórias inteirinhas, com final e tudo... Nossa, parece que sou tantas, nem sei como dizer... Depois te mando um email explicando melhor.
Um beijo,

Verônica disse...

Olá Mayra!
E não é que fazemos isso mesmo? Tantas mulheres, desejos e seres dentro de uma só mulher...
Me escreva assim que puder!
Beijos,
Vero.

Amélie Poulain disse...

Como Stela Florence sabiamente disse: "Sou várias. E todas verdadeiras".

Tenho uma infinidade de mulheres dentro de mim.
E tantas vidas secretas, que em certos momentos, me perco no labirinto...
O problema é que ultimamente tenho me perdido de mim.

A mulher selvagem que habita minha alma clama por mais espaço...
Creio que é chegada a hora da minha vida secreta se tornar real!

Beijocas!!!

Verônica disse...

Amélie,

Eu penso nisso como um exercício diário. Quantas vezes chego arrasada em casa porque percebi que, novamente, não fui integralmente eu mesma durante o dia?

É necessário muita auto-motivação para acordar todos os dias e dizer: 'hoje eu vou ser eu mesma, a Mulher Selvagem que habita em mim!'

Acredito que um dia não vou mais precisar desse esforço, vai acontecer naturalmente...

Beijos,

Vero.