sábado, 20 de novembro de 2010

Dia 57 – Vale?

Capítulo 8 – A preservação do Self: A identificação de armadilhas, arapucas e iscas envenenadas

Conto: Os Sapatinhos Vermelhos
(Link para a história completa no menu à direita)

Armadilha n° 6: O recuo diante do coletivo, a rebelião na sombra

“Ocasionalmente, o coletivo pressiona a mulher para ser uma santa, ser uma pessoa esclarecida, ser politicamente correta, ser controlada, para que cada uma das suas iniciativas resulte numa obra-prima. Se recuarmos diante do coletivo, cedendo às pressões no sentido de um conformismo irracional, estaremos protegidas do isolamento, mas, ao mesmo tempo, estaremos também traindo nossas vidas selvagens e as colocando em risco.”

Visualizem dois tipos de mulheres:

Uma Boa Mulher: graça, trabalhadora, prendada, esforçada, introvertida, recatada, submissa, dependente, delicada, respeitosa, amorosa, estudiosa, asseada, bem-educada, lógica e raciocínio, socialmente aceita, boa esposa, coerente, cuidadora, controlada e mãe.

Uma Mulher Selvagem: instinto, guerreira, artista, talentosa, extrovertida, comunicativa, insubordinada, independente, forte, leal, apaixonada, curiosa, vaidosa, sincera, intuição e emoção, socialmente rejeitada, boa parceira, intensa, provedora, impulsiva e líder.

No primeiro tipo eu coloquei algumas características que a sociedade usa para classificar uma mulher como ‘uma boa mulher’. Se vocês perceberem a Boa Mulher é aquela que é boa para alguém: para a sociedade, para a cultura, para os pais, para os homens, para o marido. No segundo tipo eu citei algumas características que identificam uma Mulher Selvagem. A Mulher Selvagem não pode ser classificada como ‘boa’ para ninguém, simplesmente pelo fato de que ela não vive para se adequar ao que os outros esperam dela, mas apenas para realizar e satisfazer o que sua alma deseja.

Eu concordo que nem tudo e preto ou branco, e que muitas mulheres possuem características dos dois tipos. Se for o seu caso quero te propor uma coisa: pense se as características que te definem como uma ‘boa mulher’ são realmente suas, ou se foram características que você desenvolveu para se sentir valorizada.

Infelizmente as mulheres aprendem desde muito pequenas que têm que controlar os seus impulsos selvagens e conquistar certos atributos para ter valor para os outros. Na necessidade de ser valorizada elas acabam ocultando certas qualidades, e se obrigando a desenvolver novas. ‘Do que adianta ser como eu sou se não serei valorizada, não serei aceita e  não conquistarei resultados?’, pensam as mulheres que optaram por ser ‘uma boa mulher’. ‘Se tudo o que quero conquistar na vida depende da minha capacidade de me adaptar ao que querem de mim, assim serei!’, concluem.

“Quando a mulher se recusa a dar apoio à coletividade árida, ela está se recusando a reprimir seu raciocínio selvagem, e seus atos seguem o mesmo caminho. A história dos sapatinhos vermelhos na sua essência nos ensina que a psique selvagem precisa ser devidamente protegida — através de uma inequívoca valorização de nós mesmas, com uma defesa veemente dos seus interesses, com uma recusa a se submeter a situações psíquicas pouco saudáveis. Aprendemos, também, que o lado selvagem, por sua energia e beleza, está sempre na mira de alguém, de alguma instituição, de algum grupo, seja com o objetivo de transformá-lo em troféu, seja com o objetivo de submetê-lo a limitação, alteração, domínio, eliminação, reformulação ou controle. O lado selvagem precisa sempre de um guarda junto ao portão, ou poderá ser utilizado para fins impróprios.”

É difícil pensar que uma mulher artificialmente adequada aos desejos dos outros queira por livre e espontânea vontade abrir mão de tudo o que conquistou. Mas ela deve, antes de mais nada, pensar nas conquistas que teria ao resolver construir sua vida por si só, baseada apenas nas suas crenças pessoais: liberdade, satisfação e sensação de plenitude.

Vale a pena ir contra o mundo inteiro para conquistar isso? Vale!

“Quando o coletivo é hostil à vida natural da mulher, em vez de aceitar os rótulos desrespeitados ou pejorativos que lhe são aplicados, ela pode e deve, como o patinho feio, resistir, agüentar e procurar aquilo a que ela pertence — e preferivelmente sobreviver a quem a rejeitou, vicejando e criando mais do que eles.”

Lembram do post que eu escrevi sobre a importância da persistência para atingir seu potencial? A persistência só tem sentido se você estiver lutando contra algo, ultrapassando obstáculos, e seguindo adiante. Ser a heroína da sua própria vida inclui obrigatoriamente ter que encarar todas as lutas. É o único modo de vencê-las.

“A natureza selvagem nos ensina que devemos enfrentar os desafios à medida que eles se apresentem. Quando os lobos são atormentados, eles não saem dizendo, "Ah, não! De novo!!!" Eles saltam, investem, correm, desaparecem, fingem-se de mortos, pulam na garganta do agressor, fazem o que tiver de ser feito. Portanto, não podemos ficar escandalizadas com a existência de entropia, deterioração, tempos difíceis. É preciso compreender que as armadilhas preparadas para capturar a alegria da mulher irão sempre se alterar e mudar de aparência, mas na nossa própria natureza selvagem nós iremos encontrar a energia absoluta, a libido exigida por todos os atos de coragem que forem necessários.”


Lição do Dia: me sentindo bem educadinha demais.

Pendências: lembrando de algumas relações que tenho onde eu preciso deixar de lado a menina boazinha e dizer umas belas verdades.

Leia o conto Os Sapatinhos Vermelhos completo: http://querocorrercomoslobos.blogspot.com/p/os-sapatinhos-vermelhos.html  

Escreva para a Vero: eueoslobos@gmail.com


2 comentários:

Amélie Poulain disse...

O que eu estou fazendo com meu lado selvagem???
Socorro Vero!!!
Olhando as palavras que a descrevem, me vi refletida em todas...mas no passado!!
Passado recente.
O que não sei se me anima, ou se me dói mais.
Preciso me encontrar novamente.

Beijos!!

E infinitamente obrigada por nos mostrar o caminho que muitas vezes esquecemos...

Verônica disse...

Sim, a Mulher Selvagem é a nossa essência! Precisamos resgatá-la com todas as forças para alcançarmos nosso verdadeiro potencial!
Coragem Amélie!
Beijos,
Vero.