Capítulo 4 – O parceiro: união com o outro
Conto: Um hino para o homem selvagem: Manawee.
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A natureza tenaz do cachorro
Antes de começar o trecho de hoje eu queria desabafar com vocês uma coisa muito pessoal. O sujeitinho do post do Dia 8 resolveu aparecer e dar notícias de vida. Eu realmente não sei que idéia passou pela cabeça dele para entrar em contato comigo, mas juro que nas linhas que li senti cheiro de uma ingenuidade malvadinha. Algo do tipo: “só escrevi para saber se você está bem, mas, por favor, responda que ainda me ama mesmo sabendo que eu não vou voltar para você!” Ego é foda.
E doeu. Puxa gente, doeu mesmo. As feridas que eu achava que já estavam cicatrizadas reabriram (será que algum dia elas realmente cicatrizaram?). E eu fiquei pensando que direito ele tem de acabar com o início do meu feriado prolongado, sabendo que vou trabalhar sem parar. Que direito ele tem de jogar na minha cara que sua vida está incrível, que na cidade onde ele mora não chove, que continua belo e comprometido? Que está ficando rico com o trabalho, que fez muitos amigos queridos e que vai passar o carnaval no nordeste? Num sábado vazio e triste, de céu cinza, chuvisco e frio, que direito ele tem?
E quando eu abro o livro e vejo o trecho de hoje, me deparo com isso:
“O cãozinho gosta das irmãs porque elas o alimentam e sorriem para ele. O feminino místico compreende e aceita prontamente a natureza instintiva do cachorro. Os cães representam, entre outras coisas, aquele que ama do fundo do coração com espontaneidade e perseverança, que perdoa sem esforço, que consegue correr muito e lutar, se necessário até a morte. A natureza do cão fornece pistas concretas de como um pretendente irá conquistar o coração das duas irmãs... e a Mulher Selvagem.”
Manawee, representado pelo seu lado selvagem, o cão, quase morre à procura da identidade das irmãs gêmeas, que nada mais são do que a mulher civilizada e a selvagem juntas.
“Portanto Manawee deseja tocar essa combinação misteriosíssima e onipresente da vida da alma na mulher, ele dispõe de uma soberania própria. Já que ele próprio é um homem natural, ligado ao selvagem, ele tem uma sintonia com a mulher selvagem e sente atração por ela.
Entre aquela tribo de homens amontoados na psique da mulher, cujos membros são chamados pelos junguianos de animus, existe também uma atitude semelhante à de Manawee, que procura e reivindica a dualidade da mulher, que a considera valiosa, acessível e desejável, em vez de diabólica, feia e desprezível. Manawee, quer esteja no mundo interior, quer no mundo exterior, representa um amante novo mais cheio de fé, cujo desejo principal é o de identificar e compreender o numinoso duplo na natureza feminina.”
Após receber o e-mail hoje do sujeito, fiquei cá comigo mesma lembrando do nosso relacionamento. As coisas boas se perderam no meio da mágoa, que pena! Mas as ruins estão marcadas para sempre como um aviso de um erro que cometi, e que não posso mais cometer de novo. Muitas vezes durante nosso tempo juntos, senti que cedia espaço para que o relacionamento funcionasse. E esse ceder é muito perigoso porque às vezes quando cedemos estamos abrindo mão de coisas que são muito importantes para nós.
Eu nunca quis ser mulher de ninguém. Mas aceitei porque era importante para ele. E quando disse sim, não apenas estava fazendo um sacrifício em nome do amor como eu achava: eu estava arrancando um pedaço de mim com minhas próprias mãos e dando a ele como uma oferenda. E no fim, já havia perdido tantos pedaços meus que fiquei em dúvida se a Vero que existia antes ainda estava lá.
Já acompanhei histórias semelhantes de amigas minhas, e quando o sujeito entrava em contato depois de muito tempo elas respiravam aliviadas “Ah, ele ainda se importa comigo!”. Sempre recriminei esse tipo de sensação porque achava que era a mais alta expressão de auto-boicote. Portanto se senti a dor que senti hoje, isso é bom. É bom porque tenho a exata noção do quanto dói quando arrancamos pedaços nossos. É bom porque o processo de costurar esses pedaços de volta ainda não terminou.
E mais do que tudo a dor é boa, porque é ela que me faz saber hoje qual o tipo de parceiro que eu NÃO quero para mim.
E vamos embora continuar aprendendo com Clarissa sobre o tipo de parceiro que queremos SIM para a nossa vida.
Queridas: peço desculpas pelo desabafo de hoje!
Lição do Dia: aprendendo com a minha própria dor.
Pendências: usando o feriado para acabar o trabalho atrasado.
Leia o Conto Manawee completo: http://querocorrercomoslobos.blogspot.com/p/manawee.html
Escreva para a Vero: eueoslobos@gmail.com
2 comentários:
Vero, desde que li o post que vc conta a história sobre esse seu ex-noivo, eu já achei ele meio maluco. Só alguém muito louco pede alguém em casamento e em menos de 6 meses fica noivo de outra. Desculpa dizer, mas acho esse homem um verdadeiro narcisista. Primeiro, ele só pensa nele, na "sobrevivência" dele, quando ele disse que não tinha culpa se vc não estava disponível na época que vc teve de viajar. Que tipo de pessoa consegue ser tão leviana assim com os sentimento alheio? E, segundo, o que significa esse email dele pra vc? Pelo visto, pouco importa pra ele saber como os outros estão. Ele só quer exibir como ele está, o que ele possui e, sinceramente, quem tem esse tipo de necessidade com certeza não está feliz realmente. Acho que ele mal sabe quem ele é e o que ele quer pra ele. Pra que tanta necessidade de autoafirmação assim, não é? Você é uma pessoa incrível e não tem por que ficar doída por causa de um sujeito como esse.
Pois é Nathalia, é por incrível que possa parecer por fora ele era a pessoa mais doce, carinhosa e encantadora do mundo!
Por isso que repito: não podemos subestimar nosso poder de negação quando estamos apaixonadas, nem nosso instinto durante qualquer relação!
Obrigada pelo seu comentário!
Beijos,
Vero.
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