domingo, 31 de outubro de 2010

Dia 37 – Sobre o desistir


Capítulo 6 – A procura da nossa turma: A sensação da integração como uma bênção

Conto: O patinho feio

A aparência indevida


“Como o patinho feio, o intruso aprende a evitar situações em que possa agir certo mas mesmo assim dar a impressão errada. O patinho, por exemplo, sabe nadar bem, mas não tem a aparência devida. Por outro lado, a mulher pode ter a aparência perfeita e não conseguir agir corretamente."

Isso acontece com razoável freqüência quando estamos procurando nossa verdadeira família e comunidade. Repetimos para nós mesmas que não vamos nos enturmar com pessoas que não tem afinidade conosco, com nossas idéias, com nossos princípios. Mas como a procura é difícil e longa no meio do caminho já estamos desesperadas, carentes e solitárias ‘Mas não existe ninguém bacana nesse mundo?’, nos perguntamos.

Não entendemos porque pessoas bacanas como nós ainda não encontraram seu verdadeiro grupo. E nessa solidão temos a brilhante idéia de nos juntarmos às pessoas que estão disponíveis e acessíveis para nós. Aí está o erro! Quando resolvemos fazer parte de um grupo que em nada tem em comum com nossa alma selvagem só existe duas saídas prováveis: ou você vai deixar de ser você mesma e agradar os outros até ser desmascarada, ou você vai ser você mesma e desagradar a todo o resto até ser expulsa.

E isso vale para qualquer tipo de interação! Estou falando da escolha de familiares, de amigos, de namorados, de ambiente de trabalho, de cidade para se morar. Qualquer decisão que a gente tome quando estamos dominadas pelos monstros da carência e da solidão, tendem a terminar com sentimentos de frustração e de não pertencimento.

“Na história, o patinho começa agir como um pateta, aquele que não consegue fazer nada certo... ele joga poeira na manteiga e cai no barril de farinha, mas não antes de mergulhar primeiro no latão de leite. Todas nós já passamos por isso. Não conseguimos fazer nada certo. Tentamos melhorar. Em vez disso, pioramos. Não era para o patinho ter entrado naquela casa. Mas isso acontece quando se está desesperado. Vai-se ao lugar errado em busca da coisa errada.”

Que atire a primeira pedra quem nunca fez besteira quando estava dominada pela carência! A minha carência é quase uma segunda personalidade, com vida própria e um pouco maníaca. Só anos depois eu consegui aprender a lição: quando essa minha personalidade carente que quer agradar à todos estiver me dominando, a melhor coisa a fazer é correr para casa, ficar quietinha e esperar o surto passar.

“Embora seja útil abrir canais até mesmo para aqueles grupos aos quais não pertencemos e seja importante tentar ser gentil, é também imperioso não nos esforçarmos demais, não acreditar demais que se agirmos corretamente, se conseguirmos conter todos os impulsos e contrações da criatura selvagem, poderemos realmente passar por damas educadas, recatadas, contidas e reprimidas. É esse tipo de atitude, aquele tipo de desejo do ego de integrar-se a todo custo, que destrói o vínculo com a Mulher Selvagem na psique. E então, em vez de uma mulher vital, temos uma mulher simpática, a quem foram arrancadas as garras. Temos, então, uma mulher bem-comportada, com boas intenções, nervosa, ofegante no anseio de ser boa. Não, é melhor, mais elegante e muito mais profundo ser o que somos e como somos, deixando que os outros também o sejam.”

Se você desistiu de tentar procurar o seu grupo é porque provavelmente já se machucou bastante no processo ou já quase se perdeu tentando ser algo que não é. Se for o seu caso, não desista: você andou batendo apenas nas portas erradas, ainda há tempo de bater na porta certa!


Lição do Dia: ficando de olho no monstro da carência.

Pendências:
Day off para dar atenção ao meu parceiro.

Escreva para a Vero: eueoslobos@gmail.com

Um comentário:

Amélie Poulain disse...

Eu era a rainha do auto-boicote!
E aprendi levando muita paulada da vida!
Agora, minhas lições vem pelo amor: pelo amor que sinto por mim!!
Já era tempo!!

Beijos!!!!